A BR-174 foi bloqueada ontem pela manhã por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e da Central dos Sem-Terra (CST), juntamente com o Movimento dos Sem Terra (MST), Conselho Indígena de Roraima (CIR) e do Conselho da Pastoral da Terra (CPT).
Os cerca de 500 integrantes dos movimentos se reuniram por volta das 8h da manhã e fecharam a rodovia, sentido Norte do Estado, em frente da Base Aérea, com galhos, arames, pedaços de pau e pneus velhos. Vários caminhões e carros ficaram impossibilitados de transitar na rodovia. Em pouco tempo formou-se um aglomerado de veículos.
Logo no começo da manifestação, cerca de 50 índios do CIR chegaram ao local pintados para dar apoio à mobilização. Inicialmente a ação estava sendo feita como forma de protesto pela posse da propriedade privada de Paulo Campos invadida, desde a quarta-feira, passada, por cerca de 2.400 famílias.
Com a chegada do CIR e do MST, todos passaram a protestar também contra a permanência de não-índios na Terra Indígena Raposa Serra do Sol e a lembrar do julgamento que será iniciado hoje pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a demarcação contínua ou não da reserva.
“Estamos aqui para dar apoio aos movimentos que brigam por essa terra e para fazer mobilização a favor da homologação das terras indígenas”, ressaltou Gregório Alexandre, conselheiro regional da Raposa Serra do Sol.
Os integrantes dos movimentos ameaçavam fechar a rodovia durante todo o dia e, se nada fosse resolvido a favor das reivindicações, a manifestação poderia se prolongar até hoje.
Mas, por volta de 12h, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), juntamente com o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que estava no local para dar apoio no local, conseguiram entrar em acordo com os manifestantes e depois de mais de três horas a BR-174 foi liberada para tráfego normal.
De acordo com a PRF, a manifestação foi pacífica. Apenas o dono de um caminhão tentou furar o bloqueio e invadir a pista onde estavam os manifestantes, mas logo a situação foi controlada e o motorista encaminhado ao 4º Distrito de Polícia (DP).
Até o final da tarde de ontem surgiram informações de que um juiz teria concedido reintegração de posse para o dono das terras invadidas, mas a informação não foi confirmada. A Folha tentou-se contato com o dono da área, Paulo Campos, mas o celular estava desligado.
MANIFESTAÇÃO – O grupo se prepara para novo protesto hoje, no Centro de Boa Vista, para acompanhar o julgamento sobre a legalidade da demarcação da terra indígena no Supremo Tribunal Federal (STF).