Comerciantes e outros chapadenses interditaram a Emanuel Pinheiro chamando atenção para os prejuízos que estão tendo com fechamento do Parque
Considerada a Meca do ecoturismo em Mato Grosso, Chapada dos Guimarães enfrenta os reflexos negativos provocados pela interdição do Parque Nacional. Em protesto, empresários, comerciantes e representantes do poder público municipal interditaram ontem a MT-251, mais conhecida como rodovia Emanuel Pinheiro.
A estrada dá acesso ao Parque Nacional, fechado para visitação desde 21 de abril, por causa do desmoronamento de uma rocha de arenito, que se desprendeu do paredão da cachoeira Véu de Noiva, um dos principais pontos turísticos da região.
O presidente da Associação Comercial de Chapada dos Guimarães (ACEC), Enymar Ataíde, classificou como grave a situação financeira e social do local. Daí a importância de reabertura imediata da visitação no parque, com segurança e interdição apenas das áreas que oferecerem risco aos visitantes.
Além da regularização fundiária e passeios monitorados por guias, o grupo também cobra a implantação imediata do plano de manejo e apoio e acompanhamento do governo federal nas ações do turismo da cidade. A idéia do grupo também foi mostrar que a região conta com outros atrativos turísticos.
Desde o acidente, a média de visitantes no Terminal da Salgadeira, ponto que não faz parte do parque e está aberto à visitação, caiu de algo em torno de 3.200 turistas para 120 a 180 nos fins de semana. “O prejuízo é de 100%”, lamentou Darlan Proença, proprietário de dois restaurantes no local. A Associação aponta queda de até 40% na receita dos estabelecimentos comerciais.
Em abril, o Parque completou 19 anos e até hoje não conta com plano de manejo. Segundo a secretária de Turismo de Chapada dos Guimarães, Emyle Daltro Pellegrim, o município possui inúmeros projetos voltados para melhoria de infra-estrutura da região, como trilhas suspensas e guaritas, mas tudo depende da implantação do plano. “Enquanto o plano de manejo não ficar pronto, ficará difícil a Secretaria Municipal de Chapada dos Guimarães auxiliar”, disse.
Emyle Pellegrim lembra que há um ano foi elaborado projeto denominado “Rota W55 – O paraíso da América do Sul”, que revela 55 atrativos turísticos num raio de 200 quilômetros, a partir da tradicional e histórica comunidade do Coxipó do Ouro, passando pelos rios Claro, Peixes e Mutuca, Salgadeira, Portão do Inferno, Mirante, a própria cidade, até a cachoeira da Fumaça, que fica no município de Jaciara.
“Trata-se de uma política de roteirização, visando a estruturação, integração e difusão dos atrativos turísticos de Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde e Jaciara”, disse Emylle Pellegrim. “Para implantar, só falta investimento e a adesão dos outros municípios”, acrescentou. O projeto será apresentado durante a Festa do Pantanal, que acontece neste mês em Cuiabá.
O chefe substituto do Parque Nacional, Jorge Luiz Almeida Marques, lembrou que embora o plano de manejo esteja atrasado, já foram feitos diversos estudos em relação à fauna e flora. “Faltam estudos sócio-econômicos e da geologia da região”, disse. Conforme Jorge Luiz, a meta é terminar a elaboração do plano até o fim deste ano e implantá-lo ao longo do tempo, de acordo com que for definido no documento.