O prefeito de Saltinho, Wanderlei Moacyr Torrezan, voltou preocupado de reunião no dia 14 de setembro, na sede da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), em São Paulo, quando conheceu o projeto de engenharia que pretende eliminar os acessos dos bairros de Saltinho à Rodovia Cornélio Pires, via que corta o perímetro urbano do município.

Na reunião, o prefeito foi informado por engenheiros da Artesp e Rodovia das Colinas sobre os detalhes do projeto que contempla a construção de marginais na rodovia e que não prevê a interligação entre os bairros. “Isso representa dizer que os moradores do bairro Nossa Senhora Aparecida/Azáleas ficarão praticamente isolados, tendo como opção somente rotatórias localizadas há mais de dois quilômetros”, avalia Torrezan..

Da mesma maneira, segundo ele, a população da região central – onde se localizam os serviços essenciais do município (hospital, prefeitura, câmara, delegacia, escolas etc) também não terão opções de acesso. O projeto da Artesp pretende eliminar a travessia da Rua Joaquim Mendes Pereira.

“Ainda mais preocupante é a situação dos pedestres, uma vez que o projeto não prevê a construção de passarelas e sequer a instalação de redutores de velocidade. Pelo projeto da Artesp, a velocidade permitida neste trecho será de 110 quilômetros por hora – mesmo sendo perímetro urbano”, diz indignado o prefeito.

Desde que o projeto de duplicação começou a ser apresentado, em meados de 2001, a Prefeitura de Saltinho vem discutindo detalhes técnicos com os engenheiros da Artesp e Rodovia das Colinas. A principal reclamação é que os projetos são alterados arbitrariamente, sem levar em consideração a segurança dos cidadãos e a legislação pertinente, como o Estatuto das Cidades.

Na opinião do prefeito, o fechamento da rotatória da Rua Joaquim Mendes, anunciado na reunião do dia 14 de setembro, é mais um exemplo da arbitrariedade. “Acordavamos um assunto e quando chegavamos na reunião, o projeto estava totalmente modificado, sem condições de segurança e viabilidade para o município. É um desrespeito ao município e seus cidadãos”, afirma Wandinho.

O diretor de Obras da Prefeitura de Saltinho, engenheiro civil Benedito Martins, lembra que o projeto original de duplicação da rodovia estabelecia “um mergulho” de oito metros, ou seja, a duplicação passaria abaixo do nível da cidade, no cruzamento com a rua Joaquim Mendes Pereira, sem colocar em risco a vida dos moradores. “O traçado original era técnico e compatível com a realidade de Saltinho, já que o trânsito fluiria abaixo do nível, mantendo a segurança dos pedestres”, detalha.

O engenheiro lamenta que este projeto original não tenha saído do papel e que as obras de duplicação tenham passado por modificações significativas. “A construção das marginais é necessária, mas deve também (no projeto), ser mantida a travessia da Rua Joaquim Mendes Pereira, para trânsito de veículos e pedestres”, argumenta Benedito Martins.

Na opinião do engenheiro da Prefeitura, a alternativa é redesenhar o projeto das marginais, mantendo pelo menos uma alternativa de acesso. “É possível estudar uma confluência que permita a circulação entre os bairros. Isso pode ser feito por meio de rotatória, com sinalização adequada e redutores de velocidade”, opina Benedito Martins.