Excesso de velocidade explicaria mais mortos nas rodovias federais

A Polícia Rodoviária Federal divulgou, durante o lançamento da campanha do Maio Amarelo, queda de apenas 3% dos mortos no período da quarentena, entre os dias 11 de março até 26 de abril deste ano. Os mortos passaram de 570 para 552, apesar da queda de 26% dos acidentes que baixaram de 8.251 para 6.070. O número de feridos também apresentou queda passando de 9.435, no mesmo período em 2019, para 6.708 em 2020, queda de 29%.

O que pode explicar a pequena redução dos mortos, considerando queda de 26% dos acidentes e 29% dos feridos, é a violência dos acidentes fatais. Na avaliação do coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, isso somente pode ser explicado pela falta de fiscalização do excesso de velocidade. ” Esses números apenas confirmam o equívoco da política adotada pelo Governo Federal que desde de abril do ano passado vem desligando radares e chegou até a retirar os equipamentos portáteis da PRF. Quanto maior a velocidade na hora do acidente maior a probabilidade de morte.”

O Estradas.com.br analisou o que está ocorrendo nas rodovias estaduais de São Paulo para comparar com as rodovias federais. Segundo o batalhão da Polícia Militar Rodoviária daquele estado, desde o início da quarentena em 24/03 até 26/04, os principais indicadores de violência no trânsito apresentaram diminuição, na comparação com o mesmo período em 2019. Foi registrada queda de 43% de acidentes com vítimas, 47% no número de vítimas leves, 40% no número de vítimas graves e 34% no número de mortos.

A redução das vítimas nas rodovias paulistas é muito maior que nas federais

“Os números de São Paulo confirmam nossa tese. A queda no índice de mortos em período semelhante mostra que enquanto nas rodovias federais a redução nos mortos é de 3% nas rodovias paulistas a queda de mortos é de 34%, dez vezes mais”, acrescenta Rizzotto.

Comparando-se a média de mortos por acidente a situação das rodovias federais é tão grave quanto a diferença no percentual de mortos. Enquanto nas rodovias paulistas a média é de 1 morto a cada 27 acidentes, nas rodovias federais a média é de 1 morto para cada 11 acidentes.

No ano passado o governo federal mudou sua política de fiscalização de velocidade. Em abril de 2019 começou o desligamento de milhares de radares fixos. Em 16 de agosto, o presidente da República, Jair Bolsonaro, determinou o recolhimento dos radares portáteis usados pelos policiais rodoviários federais para fiscalizar o excesso de velocidade.

A média de mortos , comparando com os primeiros três meses de 2019, aumentou quase 16%, passando de 398 para 460 vítimas fatais mensalmente. Já a de feridos passou de 6.202 para 6.716. aumento de 8 %, metade do percentual do número de mortos, indicando acidentes ainda mais graves. Apesar da volta dos radares portáteis por decisão judicial em 23 de dezembro, ficou evidente que a PRF não está fiscalizando velocidade como fazia anteriormente. Provavelmente para agradar o presidente que sempre insinua que a corporação faz parte da indústria da multa.