O grande movimento já era esperado para as estradas federais e estaduais que cortam Minas, mas a lentidão no final do feriado prolongado irritou muitos motoristas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a situação foi pior na BR-381, que liga Belo Horizonte às praias do Espírito Santo e da Bahia. Pelo menos cinco acidentes, a partir da madrugada de domingo, causaram confusão e demora em muitos trechos, sobretudo Caeté e Itabira Bárbara. Nos pontos citados da 381, em épocas comuns, trafegam cerca de 10 mil veículos diariamente.
A PRF calcula que 90% das pessoas que viajaram no Natal não haviam voltado até sábado. A expectativa é de que eles se juntariam na estrada aos que saíram para a virada do ano, o que poderia resultar em movimento recorde. “No ano passado, o pessoal não emendou os dois feriados, mas agora mudou”, disse o inspetor Aristides Júnior. Além dos acidentes, parte do tumulto foi causado por uma infração muito comum: os espertinhos que tentam fugir da fila rodando pelo acostamento. Em poucas horas, só Aristides Júnior multou 15 motoristas por esse motivo.
Os cerca de 900 agentes espalhados pelas estradas federais de Minas foram orientados a fazer o mesmo. “É errado e, se não multarmos, as pessoas vão continuar achando que é normal”, disse. O ajudante de caminhão Eduardo Viana foi um dos multados em R$ 575, por transitar no acostamento. Disse que não costuma cometer a infração, mas ficou nervoso com a demora para chegar ao destino depois de passar o réveillon com a família em Abre Campo, na Zona da Mata. “Geralmente, levo três horas e meia para chegar e hoje já estou há mais de sete horas na estrada.” Ele diz que não vai ser fácil pagar a multa. “Seja o que Deus quiser, mas a pressa faz coisas.”
A volta da praia cansou a família de João Batista Clarindo dos Santos. Depois de 10 dias de Sol e boa vida em Guarapari, eles acordaram cedo, antes das 6h, para tentar chegar antes do congestionamento. Grande engano. Até Sabará foram pelo menos três horas parados em diferentes pontos. Perto daquela cidade, uma surpresa negativa: o motor do carro deu sinais de falha, problema que o motorista mesmo resolveu quase uma hora depois. “Foi só chegar a Minas Gerais que começou a ficar lento e o tempo todo ouvia notícia de acidente.”
O inspetor Júnior lamenta o número de ocorrências, que, segundo ele, está mais ligado à direção irresponsável do que a problemas de estrutura da via, “Em geral, ou é velocidade incompatível, dificuldade para dirigir na chuva ou descuido que leva a invadir a outra pista, e não problemas de estrutura, que eram comuns há mais tempo.”
Interditada
Os moradores da Zona da Mata que passaram o feriado no litoral baiano ou capixaba ainda tiveram um problema adicional. Um trecho da BR-267, entre as cidades de Argirita e Maripá de Minas, foi interditado por problemas na pista. A única alternativa é um desvio passando por Ubá e retornando pela BR-040. Há um acréscimo de 50 quilômetros no percurso.