Maior dificuldade na obra é a demora na chegada dos equipamentos. A maior parte vem de outros estados.
BOA VISTA, RR – Ao custo de R$ 87 milhões, o Governo de Roraima começa a recuperar em outubro o trecho Boa Vista-Caracaraí da rodovia BR-174. Já estão em execução serviços preliminares de topografia, estudos de materiais que serão utilizados na pista e limpeza dos acostamentos.
O governo roraimense firmou convênio com o Departamento de Infra-Estrutura do Transporte (DNIT), pelo qual o Estado oferece contrapartida de 10% do total da obra, com prazo de execução de três anos. Serão recuperados 126,6 quilômetros da rodovia.
Uma das dificuldades para obras de grande porte em Roraima é a mobilização de equipamentos. A maior parte vem de outros estados. Para chegarem a Mucajaí, onde está localizado o canteiro da obras, os equipamentos podem demorar em torno de 15 a 20 dias. Desta forma, segundo ele, a previsão para começar os trabalhos na pista é na segunda quinzena de outubro.
Segundo o secretário estadual de Infra-Estrutura, Orlando Júnior, Mucajaí foi escolhida para ser o centro do canteiro de obras por se localizar na metade do trecho e oferecer melhor estrutura. No decorrer da obra serão gerados cerca de 300 empregos diretos e 1.200 indiretos. Será contratada mão-de-obra local.
Trecho crítico da rodovia, cuja recuperação custará R$ 87 milhões
Reciclagem
O trecho Mucajaí-Caracaraí será executado em sua maior parte com reciclagem de pavimento: o equipamento tritura o pavimento velho, faz-se uma nova base e em seguida a rodovia recebe um asfalto novo.
De Mucajaí a Boa Vista, na maioria dos serviços será utilizado o método de fresagem: retira-se o asfalto velho, faz o reforço e depois aplica o asfalto. A rodovia possui 970 quilômetros de extensão. Começa em Manaus (AM), passa por Boa Vista, capital de Roraima, e vai até a cidade de Santa Elena, ao sul da Venezuela, chegando a sua capital Caracas, à beira do mar, por uma estrada de 1.130 quilômetros já existente.
Vida útil de dez anos
Para a Venezuela, a BR-174 representa a entrada de um grande mercado consumidor. Já para o Manaus, é um caminho para o Caribe, Europa e os Estados Unidos. O governador Anchieta busca recursos junto ao Ministério dos Transportes para garantir o projeto de restauração da rodovia.
O governo estadual e o DNIT prevêem a aplicação de R$ 300 milhões na BR-174 nos próximos três anos. Com serviço de qualidade, a estrada terá uma vida útil de 10 anos. O próximo passo do governo do estado é recuperar o trecho de Caracaraí até a divisa com o Amazonas.
O secretário de Infra-Estrutura disse que a restauração da BR-174 é fundamental para o desenvolvimento econômico de Roraima. “É uma obra de grande porte, com o objetivo de garantir o escoamento da produção e melhorar a malha rodoviária do Estado, além de gerar emprego e renda aos municípios”.
Índios interditaram a rodovia em agosto
BOA VISTA – Cerca de 350 índios ligados assistidos pelo Conselho Indígena de Roraima, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, da Comissão Pastoral da Terra e da Central Única dos Trabalhadores interditaram a BR-174 no dia 15 de agosto.
Os manifestantes usam pneus e madeira para obstruir a rodovia. O protesto ocorreu a 50 quilômetros de Boa Vista, com o objetivo de impedir a passagem de ruralistas que saíram em marcha de Mato Grosso, uma semana antes, rumo a Pacaraima. Eles apoiavam os produtores de arroz que pretendem ficar nas terras da reserva indígena Raposa Serra do Sol.