Uma colisão traseira entre um veículo de passeio e um caminhão que transporta ácido clorídrico e soda cáustica provoca vazamento da carga e duas vítimas com ferimentos graves – o motorista do automóvel e um ciclista, que passando pelo local, pára para ver o que aconteceu e é contaminado pelas substâncias químicas. Esse foi o cenário do Simulado de Acidente com Produto Perigoso, realizado pela Renovias na manhã de hoje (14), na alça de acesso do km 175 da SP-340.
“Essa prática anual permite avaliar o desempenho das equipes operacionais e de Atendimento Pré-Hospitalar, porque simula um ambiente crítico e de tensão muito próximos do real”, analisa o gerente de operações de tráfego da concessionária, engenheiro Rogério Cezar Bahú. O simulado faz parte do Plano de Ação de Emergência (PAE), que tem como objetivo avaliar os procedimentos lógicos, técnicos e administrativos que devem ser desencadeados em situações de emergência envolvendo produtos perigosos.
Foram sete minutos até que o ciclista fosse atendido e 13 minutos para socorro do motorista do veículo de passeio – este último só pôde ser realizado após liberação da área pelo Corpo de Bombeiros. O acionamento ao telefone de emergência da Renovias foi feito pelo motorista do caminhão, que escapou sem ferimentos do acidente simulado. No total, o exercício durou 52 minutos. “Nosso principal objetivo é treinar e integrar as equipes envolvidas, para que o atendimento seja feito do modo mais correto possível, dentro do menor tempo e com o mínimo prejuízo ao meio ambiente”, frisa Bahú.
De acordo com o comandante do 4º Pelotão da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Casa Branca, sargento Dijalma Ferreira de Lima, não são freqüentes acidentes envolvendo carga de produtos perigosos nos cerca de 700 quilômetros de malha viária sob abrangência de seu pelotão. “Mas isso não significa que não devamos nos preocupar porque o tráfego de veículos transportando esse tipo de produto é freqüente em nossa região”, pondera.
O comandante do Posto de Bombeiros de Mogi Guaçu, tenente Alexandre Riquena Costa, acredita que o simulado se aproximou da realidade e, por isso, pode ser considerado “proveitoso”. Segundo ele, mesmo sendo raras as ocorrências de acidentes desse tipo na região, é importante o treinamento para estreitar as relações entre as equipes envolvidas no atendimento.
Nesse treinamento, é fundamental a participação da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) porque é ela quem providencia a retirada do produto perigoso do local do acidente e dá suporte aos envolvidos com informações sobre as substâncias químicas. “As providências dependem do tipo de material que está sendo transportado”, avisa o tecnólogo Marcelo Reati da Silva, da unidade Pirassununga, que atende à região.
Os meios de prevenção e as formas de lidar com acidentes envolvendo esse tipo de carga são uma preocupação da Mahle Metal Leve, fabricante de autopeças para veículos. Segundo a auxiliar ambiental da empresa, Daniele Dantas Zuin, para produzir parte dessas autopeças, são movimentadas anualmente 18 toneladas de produtos químicos, entre eles, ácidos clorídrico e sulfúrico e soda cáustica.
“Temos um plano de ação de emergência, do qual fazem parte pessoas treinadas para dar suporte aos órgãos envolvidos e uma empresa terceirizada que nos dá apoio em situações reais, colocando à disposição de uma moto até um helicóptero”, explica Daniele. Mas ressalta o objetivo: a prevenção. “Por isso, temos um check-list rigoroso que deve ser seguido pelas transportadoras e fornecedores”.