Trafegar em vários trechos das rodovias federais que cortam o Ceará é um exercício de paciência, atenção redobrada e muito prejuízo para os motoristas.

Com mais de dez anos de uso, tempo máximo de vida de vias onde circulam carros pesados e tráfego intenso, as BRs apresentam muitos problemas. As reclamações dos donos de veículos são diversas: trechos em péssimas condições de conservação, falta de acostamento e fiscalização são as mais comuns.

Eles afirmam que as operações tapa-buraco, em curso em alguns quilômetros da BR-222 e 116, são apenas soluções paliativas.

O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), alerta sobre os perigos em seu site: www.dnit.org.br. Procurado pela reportagem, durante dois dias, inclusive, em sua sede, em Brasília, não se pronunciou quanto aos projetos e investimentos destinados ao Estado para este ano.

Alguns minutos de conversa com profissionais do volante em algum posto rodoviário ou de combustíveis existentes à margem das rodovias federais que cortam o Ceará dá para se perceber a aflição dos condutores de ônibus interestaduais, carretas e utilitários truncados que trafegam nos trechos que cortam municípios da região Jaguaribana e Centro do Estado.

Há também quem critique as sinalizações verticais e horizontais, recentemente reparadas em alguns quilômetros. “Ao invés de taparem os buracos estão é enfeitando a rodovia”. Desabafa a empresária Ana Lúcia Campos. Ela retornava de viagem à Paraíba quando teve um pneu de seu automóvel estourado. Culpa os buracos e o descaso do governo com a importante BR-116.

A reportagem do Diário do Nordeste percorreu aproximadamente 250 km de um trecho da 116. Entre as cidades de Pacajus e Jaguaribe. A viagem, que em vias com boas condições de trafego seria realizada em pouco mais de três horas, a uma velocidade média de 80km/h, foi percorrida em mais de quatro.

Segundo o potiguar Fábio Macena, que há mais de 20 anos efetua transporte de cargas entre Salgueiro (Pernambuco) e Fortaleza (Ceará), o horário da viagem, entre 5 e 7 da manhã, é o preferido pela maioria dos caminhoneiros. Como não existe policiamento no trecho, são poucos os que arriscam em viajar à noite. Quanto aos buracos, alertou: “é só ir mais à frente que o pesadelo começa”.

Mais ao Centro do Estado, na BR-020, os buracos entre Madalena e Boa Viagem irritam os motoristas, principalmente os que conduzem veículos de grande porte. Não bastasse a chateação com brecadas bruscas e desvios, os prejuízos financeiros são outra surpresa desagradável. Molas, amortecedores e pneus estourados são os danos mais freqüentes.

A situação mais crítica nessa via, segundo os motoristas, está entre Madalena e Boa Viagem. Algumas “crateras” prejudicam o tráfego em um trecho de pouco mais de 30 km. “Paciência tem limite”, comentou o servidor público Marlos Holanda.

Noutros 214 quilômetros percorridos nessa rodovia em um automóvel de passeio, o tráfego pode ser considerado regular. Mas quem continua na rodovia, à medida que se aproxima dos limites com o vizinho Estado do Piauí, a situação vai se tornado mais crítica.

Os mais experientes, e quem utiliza a via federal com freqüência, sugere que todos dirijam com cautela.

A única em condição de tráfego considerada ideal pelos motoristas é a BR-122. São pouco mais de 53 km de acesso, do entroncamento da Estrada do Algodão, em Quixadá, a Banabuiú. Todavia, curvas sinuosas e animais na pista a tornam muito perigosa para os que têm o hábito de exceder na velocidade.

Segundo moradores da área, existe um projeto rodoviário ligando essa cidade a Solonópole. Nunca saiu do papel. A pavimentação da artéria federal finda no Centro de Banabuiú.