Subiu para 26 o número de mortos em conseqüência da chuva que caiu sobre o estado do Rio nos últimos dias. Segundo a Defesa Civil Estadual, mais de 14,5 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas.

Em Minas, foram 17 mortes desde o início do período chuvoso, em outubro. No Espírito Santo, são seis as vítimas fatais desde novembro e, em São Paulo, neste mês foram registradas duas mortes por causa das tempestades.

Na madrugada deste sábado (6), outro caso foi registrado. Pelo menos uma mulher morreu e uma pessoa ficou ferida quando o carro em que viajavam caiu em um rio, num trecho interditado da rodovia BR-356, que liga Campos a Itaperuna, no Norte Fluminense, por causa das chuvas.

As chuvas nos últimos dias obrigaram o prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, a decretar estado de emergência no município na sexta-feira (5). O principal motivo é a cheia do Rio Paraíba do Sul, que atingiu um metro acima da chamada cota crítica. A água começou a transbordar nos bueiros no centro da cidade.

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Enquanto a chuva castiga o Sudeste, seis estados nordestinos enfrentam a seca. No Piauí, 76 municípios já decretaram situação de emergência e estão sendo abastecidos por 38 carros-pipa por dia. No sertão do Ceará, 55 cidades dependem de carros-pipa, mas eles estão parados desde o início do ano. A operação carro-pipa deve ser retomada pelo Exército em 270 cidades de seis estados.

Chuvas
Em Nova Friburgo, 11 pessoas morreram. Além de Nova Friburgo, Sumidouro, também na região Serrana, sofre com as tempestades: o número de mortos já chega a oito na cidade. Para o diretor da Defesa Civil do Rio, coronel José Paulo Miranda, a situação em Sumidouro é a mais preocupante em todo o estado, pois há várias áreas de risco no município. Em Teresópolis, a Defesa Civil registrou duas mortes.

O nível do Rio Paraíba do Sul está seis metros acima do normal. A enchente atingiu seis bairros de São Fidélis, no Norte do estado.

Em Minas Gerais, o último balanço da Defesa Civil, divulgado nesta sexta-feira (5), contabiliza 17 mortes e 87 feridos desde outubro. O número de desabrigados chegou a 4.207 e o de desalojados, a 11.275. Além disso, 2.889 casas foram danificadas e 741, destruídas. Ainda de acordo com o balanço, 254 pontes sofreram abalos e 202 desabaram em Minas. Em todo o estado, 61 cidades já decretaram situação de emergência desde o início da temporada chuvosa, em outubro.

Na região metropolitana de Belo Horizonte, um trecho da MG-20, que dá acesso à cidade histórica de Santa Luzia foi interditado. O que restou do asfalto ameaça desabar. Em Cataguases, na Zona da Mata de Minas, o Rio Pomba transbordou e deixou a rodoviária da cidade ilhada.

No Espírito Santo, foram registradas seis mortes desde o mês de novembro. Segundo a Defesa Civil, 15 cidades decretaram estado de emergência. Mais de 5.000 pessoas tiveram de abandonar suas casas.

As mortes neste mês em São Paulo são quatro: na quarta-feira (3), uma pessoa morreu depois de ser atingida por um raio em São Lourenço da Serra, a 56 km de São Paulo. No dia seguinte, um menino de 6 anos morreu depois de um deslizamento de terra no bairro Colônia, em Jundiaí. Na sexta (5), houve duas mortes. Em Presidente Epitácio, a 655 km de São Paulo, uma pessoa foi atingida por um raio no lago da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta, e uma mulher morreu em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, depois do desabamento de um muro.

Fenômeno
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os temporais no Sudeste têm sido provocados por um fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul. Trata-se de uma faixa de nuvens carregadas que se estende desde a Amazônia e que encontrou áreas de instabilidade e muito calor sobre os estados do Rio, São Paulo e Minas. “Essa instabilidade se comporta como uma frente fria parada, que deixa o tempo continuamente nublado e com chuvas ao longo do dia”, explicou o meteorologista do Inpe Marcelo Seluchi.

Socorro
Neste mês, a Secretaria Nacional da Defesa Civil dispõe de R$ 57 milhões para atendimento aos atingidos pelas chuvas. Minas Gerais e Espírito Santo já receberam ajuda alimentícia e medicamentos. Em relação aos estados da região Nordeste, serão destinados cerca de R$ 7 milhões, para que 260 municípios usem com carros-pipa.