Em entrevista ao G1 do Espírito Santo, um passageiro que estava no ônibus que se envolveu em um acidente na BR-101, na Serra, na manhã de sábado (27), deixando nove mortos, contestou a versão contada pelo motorista de que uma ultrapassagem teria causado o acidente. Segundo o operador de máquinas Milton Esteiner Júnior, de 27 anos, o condutor do coletivo dirigia em alta velocidade. “Foi muita imprudência, isso poderia ter sido evitado”, disse, emocionado.

Em outra matéria divulgada pelo Folha de Vitória vários passageiros informaram que o motorista estava cochilando ao volante durante a viagem.

As informações prestadas pelo passageiro na entrevista ao G1 coincidem com a hipótese levantada pelo Estradas.com.br de que o motorista poderia ter cochilado ao volante. Neste período do ano muitos motoristas enfrentam jornadas pesadas e, em vários casos, são praticamente forçados pelas empresas a trabalhar mais do que determina a Lei 12.619/12, considerada a Lei do Descanso.

O ônibus, com 31 passageiros e um motorista, partiu de Porto Seguro na Bahia as 17h30, segundo as informações divulgadas na imprensa e seguia para o Rio de Janeiro quando saiu da pista e caiu em uma ribanceira de 40 metros, no quilômetro 249 da BR-101, por volta de 5h30 deste sábado (27). Oito passageiros morreram no local do acidente,,outro faleceu no hospital na manhã de ontem. No total 23 ficaram feridos e foram levados para hospitais da região. Oito passageiros permanecem internados, sendo sete com quadro de saúde estável e um em estado grave

Na entrevista ao G1-ES  Milton contou que mora em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, mas embarcou em Teixeira de Freitas e ia para o Rio de Janeiro. Ele disse não ter visto qualquer sinal que comprove a versão do motorista. “Não ouvi buzina de carreta, se tinha alguem ultrapassando, eu não percebi ninguém piscando farol ou freada de ônibus, ou de carreta, por isso eu descarto essa hipótese de que alguém estava ultrapassando”, disse.

Segundo ele, o motorista dirigia em alta velocidade. Para Milton, a imprudência do condutor pode ter sido o que causou o acidente. “O motorista vinha correndo muito, desde Teixeira de Freitas. Todo mundo no ônibus já estava comentando, ouvi umas conversas do tipo ‘o motorista tá chutado’. Na minha opinião, ou ele dormiu ou ele não conhece muito a estrada e não viu que tinha curva perigosa, e estava em alta velocidade e não conseguiu curvar”, disse.

Já em casa, se recuperando dos ferimentos no rosto, braço e perna, ele relembra os momento que viveu após o acidente. “O meu sentimento é recente, to muito triste pelas pessoas que morreram, foi muito difícil levantar e ver as pessoas pedindo socorro e eu não poder ajudar”, disse, emocionado.

Versões do acidente
O motorista do ônibus teve um corte na mão e se apresentou no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele contou à PRF que, ao fazer uma curva encontrou um caminhão fazendo uma ultrapassagem indevida. Para não bater, ele jogou o ônibus para o acostamento. O motorista explicou ainda que não conseguiu parar e o veículo caiu na ribanceira.

Na tarde deste sábado, o inspetor Nicola, da PRF, explicou que o trecho onde aconteceu o acidente não é perigoso porque tem a pista em faixa duplicada. “Dificilmente alguém estaria realizando uma ultrapassagem. O que a PRF constatou, o que aconteceu no local, foi que o ônibus, ele perdeu, não realizou a curva, passou direto na curva, saiu de pista, desceu na ribanceira, vindo a capotar algumas vezes”, relatou Nicola.

Outro lado
A assessoria de imprensa da viação São Geraldo informou que mantém a versão contada pelo motorista de que uma carreta estaria fazendo uma uma ultrapassagem e, para evitar uma colisão frontal, o motorista jogou o coletivo para o acostamento. De acordo com a empresa, o relato do condutor do ônibus será comparado ao laudo da perícia técnica da polícia.
Sobre o excesso de velocidade, a empresa afirmou que faz um acompanhamento rigoroso de todo o trajeto feito pelo ônibus.

Observação do Estradas.com.br – a velocidade praticada está registrada no tacógrafo e as autoridades não necessitam das informações da São Geraldo, basta verificar o que está no equipamento, chamado de “caixa preta’ do veículo. Veja também a matéria da Folha de Vitória clicando aqui

Fonte: G1/ES (em itálico) , Estradas.com.br e Folha de Vitória