Com 82,7 quilômetros de traçado antigo e sem acostamento, a rodovia SP-50 registrou de janeiro a novembro deste ano 144 acidentes, com 38 vítimas graves e cinco mortes.
O número de feridos graves e mortos já superou o total do ano passado, quando aconteceram 171 acidentes, com 22 vítimas graves e uma fatal.
Antiga estrada com acesso para Campos do Jordão, a SP-50 é uma das mais perigosas da região. Ela também corta outras três cidades: São José dos Campos, Monteiro Lobato e Santo Antonio do Pinhal.
Ao trafegar pelo pavimento desgastado, com mais de 50 anos, cheio de remendos e buracos, o motorista também sofre com as curvas acentuadas em vários trechos da rodovia.
O valeparaibano esteve circulando pela estrada e constatou diversos problemas como a falta de conservação, placas de sinalização encobertas pelo mato e as dificuldades de travessia por parte dos pedestres. Não existem semáforos ou passarelas na rodovia, que corta inúmeros bairros das quatro cidades do Vale do Paraíba.
PERIGO – Para quem vive e trabalha às margens da SP-50, cada dia é um novo desafio à sobrevivência.
A autônoma Maria de Lourdes Costa Silva, 40 anos, contou que há um ano trabalha todos os dias em um determinado período como vendedora ambulante nos pontos de ônibus da SP-50. Segundo ela, que já presenciou vários acidentes, a estrada é perigosa porque falta sinalização e respeito dos motoristas.
“Tem muitos acidentes aqui na SP-50. Já vi vários atropelamentos e batidas de carros. Tudo isso porque a sinalização é precária”, disse Maria.
De acordo com ela, existe um movimento intenso em toda a rodovia, tanto de pedestres como de veículos de passeio, além de ônibus, caminhões e carretas.
“Eu tenho medo. Fico aqui por necessidade, mas tenho medo porque o movimento de carros é grande. Deus é que me protege”, disse a autônoma.
Já para o estudante Michael Rodolfo Ricardo, 15 anos, o maior problema é a travessia da estrada. Segundo ele, que fica todos os dias no ponto de ônibus aguardando o transporte escolar, muitas pessoas arriscam a vida atravessando a pista sem segurança.
“É comum ver motoristas ultrapassarem os limites de velocidade e pedestres atravessarem na sorte para chegar ao outro lado da rodovia”, afirmou o estudante.
Para o morador do bairro Buquirinha, o desempregado Jorge Evandro Ribeiro, 35 anos, a SP-50 está esquecida pelo poder público.
“A SP-50 está esquecida. Precisa de acostamento e de redutor de velocidade. Dia de domingo, onde o movimento de carros aumenta, tem gente que fica esperando até cinco minutos para atravessar. Isso é um absurdo”, disse Ribeiro.
IMPRUDÊNCIA: Um dos principais problemas que ocorre na SP-50 e que acarreta dezenas de acidentes é o desrespeito pelo limite de velocidade. Na maior parte da rodovia, a velocidade não pode ultrapassar 60 km/h, mas existem trechos que exigem mais cautela dos motoristas, com o limite estabelecido em 40 km/h.
Para a dona-de-casa e motorista Luciana Ribeiro Carvalho, 24 anos, que mora no bairro Costinha, em São José dos Campos, há seis anos, a estrada é muito perigosa porque faltam itens fundamentais para a segurança da comunidade.
“É inaceitável uma rodovia grande como essa não possuir acostamento. Quando ocorre algum acidente, o perigo dobra por causa da quantidade de curvas. Alguém precisa melhorar a SP-50”, disse Luciana.
Fatos como pedestres desviando de automóveis também são comuns em alguns trechos da estrada. Segundo a comerciante Diva Maria Camargo, 50 anos, em alguns pontos cheios de casas e estabelecimentos comerciais, quando os moradores precisam se deslocar correm o risco de serem atropelados.
“Moro no bairro Buquirinha há 50 anos. Quando tem aula as crianças correm perigo todos os dias na beira desta estrada. Antes o movimento era menor, os bairros cresceram e, junto com eles, a imprudência dos motoristas que pela falta de fiscalização não respeitam os limites de velocidade”, afirmou Diva.