
Estado do Paraná tem optado pela utilização do pavimento de concreto em mais de 500 quilômetros de vias estaduais; Santa Catarina segue na mesma linha. Material é mais vantajoso economicamente
Mais de 300 quilômetros de estradas estaduais no Paraná estão recebendo um novo tipo de pavimento em sua restauração: o concreto. A novidade chega por meio do sistema whitetopping, que consiste no uso do material para a reabilitação de pavimentos asfálticos deteriorados, 310 quilômetros de rodovias estaduais estão ganhando uma nova “cara” à logística viária do Paraná, com segurança e ganhos operacionais para quem trafega pelo Estado.
De acordo com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), até o momento, já foram pavimentados 110 quilômetros e estão em execução outros 120 quilômetros de rodovias, sendo 200 quilômetros de restauração de pavimento flexível pelo sistema whitetopping. Além do ganho econômico, o novo pavimento aumenta a qualidade da obra e a durabilidade do pavimento. Há ainda mais de 240 quilômetros em projetos.
Já foram concluídos dois trechos da PRC-280: entroncamento da BR-153 até o acesso de Palmas, indo até Clevelândia (PR); e um trecho da Rodovia dos Minérios (PR-092).
As obras em andamento são: o trecho final da PRC-280 entre Clevelândia (PR) e Pato Branco (PR); um trecho da PR-466, de Guarapuava (PR) a Palmeirinha (PR); a continuação da Rodovia dos Minérios, entre Almirante Tamandaré (PR) e Rio Branco do Sul (PR); a restauração da PR-180, de Goioerê (PR) a Quarto Centenário (PR); a restauração da PR-151, entre Ponta Grossa (PR) e Palmeira (PR); e a estrada de ligação de São José dos Pinhais (PR) a Mandirituba (PR).
A revitalização dessas rodovias em concreto atende à necessidade de o Estado proporcionar uma pavimentação mais duradoura e que suporte melhor o tráfego pesado, uma vez que o Paraná possui importante produção agrícola e industrial transportada por essas vias.
A solução em concreto, adotada com sucesso nas estradas americanas e alemãs, consideradas as mais eficientes do mundo, vem sendo implementada com sucesso no Paraná, a partir de um processo contínuo de capacitação técnica conduzido pela ABCP.
Santa Catarina
Além do Paraná, a ABCP também apoia Santa Catarina na frente de capacitação. O Estado tem atualmente em execução 120 quilômetros de restauração de rodovias, também pelo sistema whitetopping. Somente na região Sul, a ABCP capacitou 1.121 profissionais em 2024, além de dar apoio ao acompanhamento de projetos e obras, que comprovam a elevada competitividade do pavimento de concreto.
Entrevista com especialista da ABCP
Diante desse cenário, o Estradas conversou com Fernão Nonemacher Dias Paes Leme, da área de Planejamento & Mercado – Infraestrutura, da ABCP.
De acordo com Paes Leme, os desafios climáticos e a necessidade de infraestrutura viária mais durável e sustentável são motivos mais que suficientes para que o pavimento de concreto se consolide como uma solução técnica e economicamente vantajosa.
Segundo ele, além de apresentar um custo de construção competitivo, sendo em muitos casos mais barato que soluções convencionais de revestimento para pavimentos, sua vida útil é significativamente superior, reduzindo a necessidade de manutenção frequente e os custos associados ao longo do tempo. “Somado a esses benefícios econômicos, o pavimento de concreto oferece uma série de vantagens ambientais, que devem ser consideradas na escolha de soluções que maximizem o retorno técnico, econômico e sustentável“, diz.
Paes Leme elenca os principais diferenciais, que são:
Resiliência climática – O pavimento de concreto tem melhor desempenho em condições extremas de temperatura e eventos climáticos severos, como ondas de calor e enchentes, devido à sua durabilidade e menor sensibilidade a variações térmicas.
Maior vida útil – Sua longevidade reduz a necessidade de manutenção frequente, otimizando recursos e garantindo maior eficiência ao longo dos anos.
Redução do efeito ilha de calor – O pavimento de concreto reflete mais luz solar do que outras superfícies escuras, contribuindo para temperaturas mais amenas em áreas urbanas.
Menor deformação e fissuração – Sua estrutura rígida resiste melhor a cargas pesadas e ao tráfego intenso, mantendo um nível adequado de conforto e segurança ao longo do tempo.
Eficiência energética e sustentabilidade – Menos necessidade de manutenção significa menor consumo de materiais e emissões associadas à produção e transporte de insumos ao longo da vida útil da via.
Menor consumo de combustível para veículos – A superfície mais rígida do pavimento de concreto reduz a resistência ao rolamento, melhorando a eficiência energética dos veículos e diminuindo o consumo de combustível.
Menos suscetível a danos por umidade – O concreto resiste melhor à ação da água, reduzindo problemas como deformações e buracos, comuns em outros tipos de pavimento.
Durante o evento de lançamento da PAVI+ Comunidade da Pavimentação, realizado em setembro de 2024, a diretora técnica do DER-PR, Janice Kazmierczak Soares, apresentou os resultados de um estudo realizado em parceria com a FGV IBRE e a Votorantim Cimentos, no qual se aplicou uma abordagem prática e abrangente de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para comparar o desempenho ambiental de diferentes soluções de restauração da rodovia PRC-280.
A metodologia foi baseada na decomposição das Composições de Custo Unitário (CCU) do Sistema de Custos Referenciais de Obras (SICRO), conforme proposto por Teles (2024), permitindo o mapeamento detalhado de materiais, equipamentos e operações de transporte envolvidos em cada etapa do ciclo de vida dos pavimentos. Esse inventário detalhado foi utilizado para quantificar as emissões de dióxido de carbono (CO₂) associadas a cada solução, cobrindo tanto a fase de restauração quanto as intervenções de manutenção previstas ao longo do tempo.
Os resultados demonstraram que a solução com pavimento de concreto (whitetopping) apresentou uma redução de aproximadamente 30% nas emissões de CO₂ em comparação à solução com pavimento asfáltico, ao longo de todo o ciclo de vida analisado. Essa diferença significativa se deve à maior durabilidade estrutural do pavimento de concreto e à consequente menor necessidade de reabilitações frequentes. Os dados reforçam o potencial do pavimento de concreto como uma alternativa mais sustentável sob a ótica ambiental. No entanto, é fundamental destacar que tais conclusões se aplicam às condições específicas do estudo e não devem ser automaticamente extrapoladas para outros contextos sem análise técnica adequada.

Realidade que faz a diferença
De acordo com o engenheiro e consultor da ABCP, Dejalma Frasson Júnior, a engenharia rodoviária tem buscado soluções de pavimentação que vão ao encontro do compromisso com a sustentabilidade alicerçada em três pilares: econômico, ambiental e social.
Segundo ele, é justamente nesse sentido que a ABCP tem apoiado o DER do Paraná, por meio de orientações e capacitações, que tem utilizado o pavimento de concreto para modernizar a malha rodoviária do estado. “Essa solução evita a necessidade frequente de intervenções para manutenções durante a vida útil da rodovia que tanto causam prejuízos tanto para o órgão, para os usuários e para o meio ambiente“, esclarece.
Frasson Júnior disse também que já foram pavimentados 110 quilômetros e estão em execução outros 120 quilômetros de rodovias, sendo 200 quilômetros de restauração de pavimento flexível pelo sistema whitetopping. Há ainda mais de 240 quilômetros em projetos.