Problemas nos aeroportos, indústria automobilística aquecida, Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro e estradas recuperadas: estas são as principais preocupações da Polícia Rodoviária Federal a partir de 0h de sexta-feira (29/06), quando realiza a Operações Férias Escolares nos 61 mil quilômetros de rodovias federais. Até meia-noite de 29 de julho (domingo), todo o efetivo de 9.600 policiais se revezará na fiscalização. Imprudência, excesso de velocidade e ultrapassagens proibidas, campeões de acidentes e infrações, serão os principais alvos dos agentes.
Nas últimas três operações, os números de acidentes, mortos e feridos se mantiveram estáveis, inclusive com ligeiras quedas nos índices de acidentes e mortes na operação de 2006. Mas a situação dos aeroportos brasileiros, o aquecimento do setor automotivo e parte da malha federal recuperada fazem a PRF trabalhar com expectativa de alta nos índices, por causa da projeção de aumento do fluxo de tráfego.
“É uma pena, mas o condutor brasileiro ainda vê a estrada boa como uma oportunidade para abusar da velocidade e das ultrapassagens indevidas”, afirma o Coordenador de Controle Operacional da PRF, Inspetor Alvarez Simões, que enviou orientação aos superintendentes regionais da Polícia Rodoviária Federal para que intensifiquem o policiamento nas vias, inclusive com a montagem de escalas extras e remanejamento de férias e licenças.
Férias 2004(de 02/07/04 a 01/08/04)
Acidentes: 9.536
Mortos: 566
Feridos: 5.631
Férias 2005(de 01/07/05 a 31/07/05)
Acidentes: 9.558 (+0,23%)
Mortos: 573 (+1,24%)
Feridos: 5.714 (+1,47%)
Férias 2006(de 30/06/06 a 30/07/06)
Acidentes: 9.049 (-5,11%)
Mortos: 553 (-2,30%)
Feridos: 5.781 (+2,66)
Reflexo – Desde o início dos problemas no setor aeroportuário a Polícia Rodoviária Federal vem registrando números altos nos resultados das operações, ao contrário do ano passado, quando registrou queda em todas elas. No Carnaval, a PRF chegou a deslocar policiais do serviço administrativo para reforçar o policiamento. Mesmo assim, durante os seis dias da operação, os índices de acidentes, mortos e feridos cresceram 8,09%, 15,08% e 13,36%, respectivamente.
Outra grande grande operação da PRF, a Verão, que engloba os feriados de Natal, Reveillon, férias de janeiro e Carnaval, apresentou resultados preocupantes. Durante os 80 da operação (de 15/12/2006 a 04/03/2007), foram contabilizados 27.015 acidentes (+7,48%, 25.135 na operação passada), com 1.434 mortos (+3,46%, 1.386 em 2006) e 16.990 feridos (+10,39%, 15.391 em 2006). Para se ter idéia da dimensão do problema, usando como base estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil perdeu durante a Operação Verão mais de R$ 1,5 bilhão com vítimas de acidentes (R$ 1.525.832.557).
Os técnicos responsáveis pelo planejamento operacional da PRF estão preocupados com a tendência de alta dos índices. Apesar dos esforços de pessoal, dos investimentos em operações e aquisição de equipamentos, de primeiro de janeiro a 25 de junho a PRF tinha registrado aumentos de 10,56% no número de acidentes, em relação ao mesmo período de 2006 (51.254 em 2006, 56.671 em 2007), de 8,17% no índice de mortos (2.876 em 2006, 3.111 em 2007) e de 11,21% no total de feridos (30.892 em 2006, 34.355 em 2007).
Imprudência – Para a Polícia Rodoviária Federal, prudência ainda é a melhor prevenção contra os acidentes. O Inspetor Alvarez Simões lembra que, das oito principais causas de acidentes declaradas pelos motoristas – pela ordem, falta de atenção, excesso de velocidade, desobediência à sinalização, falha mecânica, não manter distância segura, ultrapassagem indevida, defeito na via e sono – seis têm relação direta com o condutor.
Estatísticas da Polícia Rodoviária Federal com base nos locais dos acidentes traçam um perfil revelador da violência nas estradas. O acidente mais grave é a colisão frontal, que associa excesso de velocidade, desobediência à sinalização e ultrapassagem indevida. Dos 50.430 acidentes ocorridos entre janeiro e maio, 1.836 foram colisões frontais e resultaram na morte de 658 pessoas. “Observe que a ocorrência responde por apenas 3,64% dos acidentes. Mas, no total de mortes, o índice sobe para 24%. É o que nós chamamos de encontro fatal na rodovia”, lamenta Alvarez Simões.
Depois vem o atropelamento, índice preocupante e revelador da imprudência dos motoristas. Foram 1.853 casos nos primeiros cinco meses do ano, com 573 mortes. Ou seja, novamente a ocorrência responde por apenas 3,67% dos acidentes e por 20,9% de mortes. A maioria dos atropelamentos ocorre em áreas urbanas, onde o crescimento desordenado levou bairros inteiros para as margens das rodovias. Nota: De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, os veículos de maior porte são responsáveis pela segurança dos veículos de menor porte, os motorizados pelos não motorizados, e todos pelos pedestres (Art. 29, § 2º).
O terceiro acidente mais violento nas BRs é a saída de pista, com 7.938 ocorrências e 260 vítimas fatais (15,74% dos acidentes, 9,5% das mortes). Os levantamentos da Polícia Rodoviária Federal apontam que a maioria dos acidentes acontece em trechos com pista boa (80,75%), nas retas (69,48%), de dia (59,44%) e com tempo bom (67,05%). Falta de atenção é o item mais alegado pelos condutores.
Em 2006, 445.073 motoristas foram multados por excesso de velocidade, 72.538 deles por por excederem em mais de 50% a velocidade máxima permitida. Outros 30.097 motoristas foram autuados por transitar pelo acostamento e 84.375 por dirigir ou conduzir passageiros sem cinto de segurança. Ainda em 2006, a PRF autuou 2.623 motoristas por dirigirem embriagados e 17.914 por circularem com veículos sem as mínimas condições de segurança. Mais 41.625 foram autuados por dirigir sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).