A tragédia na BR-386 na madrugada de terça-feira, com a morte de 13 pessoas durante o choque entre um ônibus e um caminhão, no município de Fazenda Vila Nova, deverá acelerar a execução da duplicação da rodovia. Mas também ajudará a sensibilizar o governo federal a colocar como segunda prioridade a conclusão do eixo norte da RSC-471, trecho que se sobrepõe ao desenho da rodovia Transbrasiliana (BR-153), como forma de desafogar o trânsito na BR-386. A informação é do senador Sérgio Zambiasi (PTB), que no fim da tarde de ontem teve encontros em Brasília com os ministros dos Transportes, Alfredo Pereira Nascimento, e do Planejamento, Paulo Bernardo; com o diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, e com o diretor de Infra-estrutura Terrestre do órgão, Hideraldo Luiz Caron.

Em entrevista à Gazeta do Sul na terça-feira, o senador se comprometeu a fazer os contatos ontem em Brasília. Zambiasi disse que no momento a BR-386 passou a concentrar as atenções devido ao impacto do acidente. Explica que há R$ 12,6 milhões assegurados no orçamento da União pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a duplicação dos 35 quilômetros entre Estrela e Tabaí, e o início das obras depende apenas da conclusão dos estudos. Mas o senador informou que os dirigentes do governo federal garantiram que o trabalhos na rodovia se iniciam no começo de 2009. “Há valor definido no orçamento para a BR-386, por isso não há como não priorizar essa obra”, afirmou.

Em paralelo à discussão da duplicação da BR-386, o senador disse que a tragédia na madrugada de terça-feira reforçou que “a BR-153 tem que acontecer”. Conforme Zambiasi, o trecho entre Barros Cassal e Santa Cruz do Sul deverá ser a prioridade de número dois do governo federal no Estado, pois ajuda a desafogar o fluxo de veículos pela BR-386, principalmente de caminhões que trafegam entre a zona da produção e o porto de Rio Grande.

QUESTÕES TÉCNICAS

O senador informou que o Ministério do Planejamento ainda não definiu a distribuição orçamentária para o segundo semestre. Mas no caso da BR-153, existem questões técnicas que devem ser solucionadas para o aproveitamento das obras executadas no traçado da RSC-471. Zambiasi explicou que o DNIT trabalha para resolver essas questões. “O traçado está sendo bem acolhido e acredito que vamos conseguir a autorização”, afirmou. Observa que o Ministério do Planejamento fez diversos cortes no orçamento por causa da não aprovação da prorrogação da CPMF. “Vamos ter que trabalhar com a sutileza necessária para viabilizar a obra”, afirma.

A prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, disse ontem que pretende articular contatos com o objetivo de agilizar o convênio com o governo federal para a conclusão das obras. Afirmou que a estrada deve ser prioridade, independente de ser ano eleitoral, e pretende ir pessoalmente a Brasília para tratar da questão.

RAZÕES PARA CONCLUIR A 471

•• O trecho entre Soledade e o Porto de Rio Grande é de fundamental importância para a interligação rodoviária do Mercosul
•• Beneficiará o transporte da produção de soja das grandes regiões de cultivo dos municípios de Passo Fundo, Erechim, Frederico Westphalen e localidades de influência com destino ao Porto de Rio Grande para exportação
•• Beneficiará a região de Soledade e arredores para o incremento da produção de pedras preciosas exportadas quase na sua totalidade
•• Facilitará o escoamento do fumo em folha produzido em toda a região e beneficiado nos municípios de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Vera Cruz, sendo grande parte destinado à exportação e proporcionando grande geração de impostos
•• Favorecerá o retorno dos insumos necessários à produção agrícola das regiões produtoras de fumo e soja, desde o Porto de Rio Grande e das minas de calcário de Pantano Grande
•• Proporcionará diminuição de frete rodoviário, reduzindo os custos finais dos produtos agropecuários e industriais, garantindo melhor competitividade internacional
•• Possibilitará a atração de investimentos no setor produtivo nas regiões compreendidas, principalmente, entre Soledade, Barros Cassal, Gramado Xavier, Sinimbu, Herveiras, Vale do Sol, Vera Cruz, Santa Cruz do Sul, Rio Pardo, Pantano Grande, Encruzilhada do Sul e Canguçu
•• Encurtará a distância em cerca de 110 quilômetros (desde a grande região produtora de soja) até o Porto de Rio Grande, desafogando o tráfego de caminhões na BR-386 e nos centros urbanos de alta densidade populacional na área metropolitana do Estado
•• Completará o vazio rodoviário federal nas áreas a serem beneficiadas, possibilitando o surgimento de uma nova alternativa de transporte rodoviário ao Mercosul, facilitando o escoamento da produção agro-silvo-pastoril dos estados do Sul.