As ruas das grandes cidades brasileiras representam um risco tão grande quanto em uma guerra. É isso que mostra uma pesquisa divulgada, ontem, em Brasília, pelo Ministério da Saúde. Segundo os dados da Pesquisa de Mortalidade por Acidentes de Transporte Terrestre, 35 mil brasileiros morreram em acidentes nas ruas e estradas do País. Em 2006, cerca de 34 mil iraquianos foram vítimas da guerra civil entre etnias daquele país, conforme a Missão de Assistência da ONU no Iraque (Unami). Os dados da pesquisa brasileira são de 2005.

Curitiba aparece em posição intermediária entre as capitais brasileiras. Foram 413 óbitos registrados em 2005, ou 23,1 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. A Capital paranaense aparece em 11º lugar nas estatísticas das capitais, mesma posição ocupada entre 2002 a 2004. Já o Paraná, com 2.984 mortes em acidentes de trânsito em 2005, aparece em quinto no ranking de estados, atrás apenas de Santa Catarina — primeira colocada proporcionalmente — Roraima, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. São Paulo, com impressionantes 7.198 mortes, é apenas a 20ª colocada, com 17,2 mortes por 100 mil habitantes. A taxa paranaense é de 28,7.

Os acidentes de trânsito são hoje uma das principais causas de morte no País, perdendo somente para as mortes provocadas por doenças cerébrovasculares, doenças isquêmicas do coração, homicídios, diabetes, doenças respiratórias inferiores e influenza e pneumonia. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, alertou que o carro pode ser uma arma, e que as pessoas precisam ter consciência. Para ele, os acidentes e mortes no trânsito entre jovens, por exemplo, só podem ser reduzidos com leis mais rígidas para a venda de bebidas alcoólicas e alterações no enfoque das campanhas de conscientização.

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os anos 2001 e 2003, quantificou os custos dos acidentes de trânsito em áreas urbanas e concluiu por perdas anuais da ordem de R$ 5,3 bilhões de reais. Em 2006, o IPEA demonstrou que os impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras são bastante significativos, estimados em R$ 24,6 bilhões, principalmente relacionados à perda de produção relacionada às mortes das pessoas ou à interrupção das atividades das vítimas. Também integraram o cálculo os custos com os cuidados em saúde e aqueles associados aos veículos, entre diversos outros. Além dos custos diretos, há vários outros, como a desestruturação familiar e pessoal.