Os roubos de cargas e de veículos de transportadoras nas rodovias que passam por Curitiba e região metropolitana (RMC) têm deixado os trabalhadores do setor preocupados. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Paraná (Setcepar) – responsável por cerca de 3,5 mil empresas no estado – pelo menos três roubos com prejuízos elevados foram registrados mensalmente em 2009.
O presidente do Setcepar, Fernando Klein Nunes, afirma que os roubos na capital e na RMC não eram muito comuns, mas se intensificaram neste ano. Os alvos mais comuns dos ladrões são os caminhões que carregam produtos alimentícios, eletroeletrônicos e materiais de higiene pessoal. No entanto, segundo o sindicato, roubos recentes mostram que outros tipos de carga também estão visadas. “Bobinas de aço e até sucatas de ferro foram levadas em dois roubos no último mês”, conta Nunes.
O modo de ação dos ladrões costuma ser variado. Os motoristas das transportadoras são abordados durante as paradas em postos de gasolina ou então são “fechados” nas estradas pelo veículo que está com os criminosos. Outra tática comum dos assaltantes é estacionar na beira da rodovia, simulando um problema mecânico com o carro. Ao parar para ajudar, os condutores dos caminhões recebem voz de assalto.
Para as empresas, resta arcar com os prejuízos. “Um carregamento com alimentos, por exemplo, é avaliado em aproximadamente R$ 80 mil. O pior é que, além da carga, eles também costumam ficar com o veículo, o que aumenta as perdas”
O gerente operacional da empresa Rodomar, Marcos Batistella, relata que já sofreu um prejuízo de cerca de R$ 1 milhão nos últimos doze meses. “Foram quatro roubos neste período”, diz. Segundo o gerente, grande parte das ocorrências é registrada na região do Contorno Leste, que passa pela RMC.
Para tentar evitar os crimes, as empresas têm tomado medidas por conta própria. “Temos um procedimento de gerenciamento de riscos que é exigido nas empresas. Entre as determinações, está a instalação dos equipamentos de rastreamento e monitoramento constante do veículo e da carga. Mesmo assim, os roubos acontecem”, declara Nunes. Ele ainda reclama que as autoridades não divulgam dados oficiais relacionados a este tipo de roubo, fato que não estaria ajudando na solução o problema. “A atuação da polícia no combate a este crimes tem sido muito tímida”, afirma.
A reportagem da Gazeta do Povo foi até a Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas para buscar esclarecimentos sobre o assunto, mas os policiais do local disseram que informações só seriam repassadas por meio da Secretaria da Estadual da Segurança Pública (Sesp-PR). A assessoria de imprensa da Sesp informou que nesta segunda-feira não seria possível se pronunciar sobre os roubos de carga em Curitiba e RMC.
Ocorrências
Há pouco mais de um mês, no dia 4 de novembro, dois caminhões que haviam acabado de ser roubados foram recuperados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), durante uma fiscalização de rotina na cidade de Balsa Nova, na RMC . De acordo com a PRF, as carretas carregavam contêineres com cargas de chumbo em barra avaliadas em R$ 166 mil no total. Depois de render os caminhoneiros e tomar os veículos, os assaltantes fugiram a pé pelo mato, disparando contra os policiais que os haviam localizado. Apesar dos tiros, ninguém ficou ferido. Equipes da PRF fizeram buscas na região, mas nenhum dos bandidos foi encontrado.
No dia 20 de outubro, um barracão com diversos materiais roubados foi encontrado pela polícia no bairro Umbará, em Curitiba. O dono do local foi preso e com ele foram apreendidas diversas armas de fogo. Uma equipe da Polícia Militar (PM) chegou até o depósito na Rua Ângela Gabardo Parolin por meio de um caminhão rastreado por satélite que havia sido roubado um dia antes em Campina Grande do Sul, também na RMC.