Motoristas e empresas especializadas no transporte de toras devem equipar seus caminhões com protetores laterais, painéis especiais dianteiros e traseiros, escoras metálicas na carroceria e cabos de aço. As exigências constam da resolução 196 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que passa a vigorar na segunda-feira.

Ao regulamentar o transporte de madeiras, determinando inclusive que toras com comprimento superior a 2m50cm sejam dispostas no sentido longitudinal do veículo, o Contran tenta reduzir riscos nas estradas.

– Em caso de acidente, as toras ficarão afixadas à carroceria do caminhão e não atingirão outros veículos – analisa o inspetor Alessandro Castro, chefe da Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Estado.

A resolução atende a uma antiga reivindicação das autoridades de trânsito gaúchas. Sem as regras, caminhões potencializavam sua capacidade destrutiva em acidentes. Foi o que aconteceu na BR-290, em Arroio dos Ratos, em 2001. Às 19h daquela segunda-feira, dia 14 de maio, o ônibus 423 da Ouro e Prata, que ia de Porto Alegre para Bagé, foi atingido por uma carreta e, em seguida, por toras que se soltaram da carroceria. O acidente resultou em uma tragédia: 14 mortos.

Conforme Castro, folhetos serão distribuídos pela PRF, por funcionários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e por policiais militares nas rodovias mais utilizadas pelos transportadores de toras: BR-116, entre Guaíba e Rio Grande, e BR-290, próximo a municípios como Arroio dos Ratos, Butiá e Minas do Leão.

Caso veículos sejam flagrados em desacordo com a legislação, a penalização será severa: multa de R$ 127, cinco pontos na carteira e retenção do caminhão até que a situação seja regularizada.

Para Carlos Eduardo Stringhini, um dos sócios de uma empresa que transporta madeiras, a mudança será positiva.

– Nós já estamos adaptados desde 2002, mas a mudança trará mais segurança para as estradas – afirma.

Hoje, cerca de 15 mil caminhões – dos quais 3 mil especializados – transportam madeira no Estado. Novas fábricas de celulose da Aracruz, da Votorantim e da Stora Enso, em especial no Sul e na Fronteira Oeste, devem elevar a importância econômica do setor e incrementar a circulação dos veículos na malha viária gaúcha.