Redução no trânsito da capital será de 43%, de acordo com estimativa da Dersa. Especialista afirma que tendência de pedágio justo ajudará no uso da nova estrada .

Com 26% de sua execução concluída, o trecho Sul do Rodoanel, quando finalizado, em 2010, pode resultar em uma redução de 43% no movimento de caminhões da Marginal Pinheiros. Segundo estimativas da Dersa, em números absolutos, serão quase 250 mil veículos a menos por dia. Já na Avenida Bandeirantes, será uma diminuição de 80 a 100 mil por dia.

As projeções são do diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, responsável pela supervisão da obra. “O objetivo do Rodoanel é retirar da região metropolitana o transporte de cargas. No Trecho Oeste, são 150 mil veículos por dia, sendo que 60%, de cargas (caminhões). Imagino que deve aumentar muito, para 250 mil (por dia), com o Trecho Sul. Se o motorista pode usar a ligação para ir mais longe e fugir do trânsito da capital, ele começará a usar o Rodoanel como opção”, avaliou o diretor da Dersa.

Com os R$ 2 bilhões que deverão ser desembolsados pela CCR, empresa que lidera o Consórcio Integração Oeste e classificado em primeiro lugar no leilão para exploração do pedágio do Trecho Oeste do Rodoanel, realizado na terça-feira (11), o governo do Estado pretende concluir os trechos Sul e o Leste – para este trecho, a fase de licitação se encerrou recentemente.

A data de inauguração do Trecho Sul já está até marcada. “Será no dia 27 de março de 2010. Se não for antes”, comentou Paulo Vieira. A obra está prevista para ser executada em 33 meses. O especialista em trânsito e membro da Comissão de Assuntos e Estudos sobre Direito de Trânsito da OAB-SP, Cyro Vidal, afirma que o órgão não recebeu denúncias recentes sobre o impacto ambiental da construção ou outros problemas que possam atrasar o andamento das obras.

Ele diz ainda que problemas pontuais têm sido resolvidos sem atritos entre os responsáveis pelas obras e a comunidade. “O principal é que o Rodoanel está andando. Não pode parar porque teremos grandes problemas no trânsito da capital”, disse. O especialista, que elogiou o valor do pedágio no Trecho Oeste, disse acreditar que a tendência na manutenção dos preços deve realmente incentivar que caminhoneiros evitem as vias congestionadas da cidade com a inauguração da nova interligação entre as estradas que cruzam São Paulo.

Números
Os números da obra em andamento ajudam a entender seu impacto. Apenas para indenização relativa às desapropriações são R$ 1,1 bilhão. E para a obra em si, R$ 2,5 bilhões. Um total de R$ 3,6 bilhões. Já foram desapropriados cerca de 1.400 imóveis, uma área equivalente a 11,5 milhões de metros quadrados, em sete municípios. Resta um milhão de metros quadrados de frente de obra a serem desapropriados, segundo Paulo Vieira.

“Foram necessários apenas cinco meses para desapropriar, de forma amigável, 90 % da obra. A gente deposita 100% do valor comercial do imóvel a partir da publicação do decreto de desapropriação assinado pelo governador. Das famílias que fizemos o reassentamento, 42% delas aceitaram a unidade habitacional que foi oferecida. Para os demais, pagamos o valor correspondente”, detalhou.

O Trecho Sul começa em Mauá, passa por Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo, extremo Sul de São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu, terminando na ligação com o Trecho Oeste, na Rodovia Régis Bittencourt.

A parte sul interligará as rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt, que, somadas às interligadas pelo Trecho Oeste (Raposo Tavares, Castello Branco, Bandeirantes, Anhangüera), totalizam sete das 10 rodovias que chegam a São Paulo. A obra facilitará principalmente o acesso ao porto de Santos para quem vem do interior do Estado e de outras regiões.

Pelas projeções da Dersa, será possível percorrer os trechos Oeste e Sul, quando este estiver pronto e interligado, em 50 minutos, uma economia de 1h40. Para atravessar a cidade, passando pelas marginais e a Avenida dos Bandeirantes, o motorista gasta 2h30, nos horários de pico, atualmente.

Entre as obras de engenharia do trecho Sul do Rodoanel, destacam-se a construção de uma ponte de 1.755 metros sobre a represa Billings e outra de 245 metros sobre a Guarapiranga.

O processo de licitação para a execução dos três lotes do Trecho Leste, com cerca de 40 km, já foi realizado e as empresas vencedoras, definidas. A próxima fase será a elaboração do projeto executivo, no qual o traçado é definido, e do meio ambiente.“A gente faz o traçado e depois fazemos todas as solicitações de alterações da Secretaria do Meio Ambiente e do Ibama”, explicou Paulo Vieira.