Bloqueios de caminhoneiros complicam rodovias . Reprodução Record TV

Por volta das 12h00 eram 72 pontos de interdição nas rodovias federais. Poucas horas depois mais de 130, segundo a própria PRF.  O número cresce a cada hora. As rodovias estaduais também estão fugindo do controle.

Em entrevista ao Ponto Final CBN, o Coordenador-Geral de Comunicação Institucional da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Cristiano Vasconcellos, afirmou que a direção da corporação expediu a ordem para os agentes liberarem todos os pontos de interdição e bloqueio no Brasil inteiro. Segundo ele, 44 ocorrências foram finalizadas. A força das tropas de choque foi empregada no Distrito Federal e no Mato Grosso.

‘Primeiro tentamos utilizar o diálogo para desobstruir o trânsito’, explicou o inspetor. ‘Depois, usamos os diversos meios que temos para garantir o direito de ir e vir da população. Estamos buscando interdito proibitório; em última análise, pode haver uso de força de choque para desobstruir as vias federais.’

A ordem seria uma preocupação também para liberar mulheres e crianças que estão há horas paradas no asfalto. A Advocacia-Geral da União foi acionada para conseguir autorização para desmobilizar os bloqueios em diversos locais.

De acordo com Vasconcelos, as forças operam normalmente com apenas dois policiais em cada ponto. Portanto, é preciso mobilizar o efetivo para reforças as atividades de liberação. Caso seja necessário, outras forças policias podem ser acionadas para apoio.

Desde a madrugada desta segunda-feira, poucas horas depois da proclamação da vitória do ex-presidente Lula nas eleições contra Jair Bolsonaro, caminhoneiros interditaram estradas em protesto, cobrando intervenção militar para evitar a posse do petista. Segundo o entrevistado, o estado do Paraná, com 41 protestos, é o mais ocupado.

PRF em cheque 

No início das paralisações, a situação deixava a PRF numa posição delicada, já que na maioria das rodovias estaduais o tráfego seguia normal. Com casos isolados em Santa Catarina, por exemplo, mas basicamente obstruções de agricultores, que colocavam máquinas na pista. Com o passar das horas a situação está saindo do controle nas rodovias estaduais. Já temos casos de norte ao sul de interdições.

A ocupação de caminhoneiros começa com poucas pessoas e vai ganhando apoio, inclusive pela intimidação. Além da sensação de força pelo longo trecho paralisado. O que pode dar a impressão nas rodovias federais, que não é verdadeira, de que a PRF apoia o movimento.

Segundo o Coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, que acompanha as paralisações desde 1999, não há liderança única. “Esses movimentos tem vários pequenos grupos apoiando, sem conexão, na maioria dos casos, uns com os outros. Então, a liberação da pista é uma tarefa complicada para a PRF  e será para as polícias estaduais porque não existe uma liderança nacional. Pela nossa experiência, o caso mais grave é na Dutra, entre Barra Mansa e Volta Redonda, pelas características do trecho, que tornam complicada a chegada de forças de segurança na rodovia mais importante do país.”

Ele destaca ainda que os caminhoneiros são órfãos da Democracia, já que muitos não tem nunca a oportunidade de votar por estarem longe do seu domicílio eleitoral. “Conseguimos apurar mais de 100 milhões de votos usando tecnologia mas não conseguimos dar oportunidade a esses cidadãos de votarem”, afirma Rizzotto.

Na Dutra proprietários de postos de rodovia próximos a região de Barra Mansa e Volta Redonda informam que não tem mais espaço , nem condições de atender mais ninguém. Inclusive tem caminhões de combustível presos nas rodovias, com motoristas que não conseguem sequer alimento.

Um dos responsáveis por um dos postos disse que está enviando motoqueiro com alimento mas até motos estão sendo paradas. A concessionária da rodovia está fazendo barreiras, obrigando os motoristas a voltarem ou buscarem outra alternativa.

A obstrução de rodovias pode gerar desabastecimento em poucas horas, o que tornará o movimento mais complicado de ser mantido por perda de apoio de muitos eleitores do presidente Bolsonaro, que tem familiares nos locais de interdição, sem contar a revolta dos demais cidadãos. “Importante entender que, independente da posição política de policiais rodoviários federais, a instituição é cumpridora da lei e tem uma história em prol da segurança viária e da democracia brasileira.”, insiste Rizzotto.

Nos locais de interdição, a demora de solução por parte das autoridades, inclusive estaduais, está aumentando a presença de populares que apoiam a paralisação, inclusive levando água e alimentos. A demora de uma solução agrava a situação.

O Estradas.com.br espera que o bom senso impere e que as pistas sejam liberadas , já que a população em geral é quem mais sofre e muitas pessoas com problemas de saúde podem ficar em situação delicada. Quanto mais com uma crise de desabastecimento. O uso das forças policiais e militares poderá criar uma situação crítica, expondo pessoas inocentes a risco.

FENAPRF se manifestou

A entidade que representa os policiais rodoviários federais, divulgou manifestação sobre as eleições, em que deixa claro a posição em prol da democracia, ainda que existam os partidários de um ou outro candidato na corporação.

“A Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) saúda o povo brasileiro, que exerceu a cidadania nas eleições ocorridas neste domingo (30). Parabeniza ainda o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, desejando sucesso em sua nova gestão.

A FenaPRF deseja e espera que o processo de transição ocorra naturalmente, como deve ser, e que seja priorizado o diálogo, a transparência, a isenção, a tolerância e a paz, fundamentais para a nossa democracia.

Os policiais rodoviários federais seguirão desempenhando suas atividades com profissionalismo e dedicação, em defesa da sociedade brasileira, como tem sido ao longo de 94 anos de história da PRF.”

Brasília, 31 de outubro de 2022

FENAPRF

Nota Oficial  da NTC- Paralizações

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística – NTC&Logística, entidade nacional que congrega as empresas de transporte rodoviário de cargas vem a público dizer que não apoia o movimento de caminhoneiros autônomos de paralisação e bloqueio de rodovias em diversos estados do País.

Sendo entidade de representação empresarial manifesta-se veementemente contra movimento grevista, de natureza política, que fere o direito de ir e vir de todos os cidadãos, criando obstáculos à circulação de veículos que prestam serviços essenciais ao abastecimento da população, em especial de gêneros de primeira necessidade, como medicamentos e alimentos.

As empresas de transportes representadas pela NTC&Logística seguem exercendo sua atividade normalmente, reivindicando das autoridades as ações que assegurem a livre circulação dos seus veículos, lembrando que tem plena condição de assegurar ao povo brasileiro o abastecimento dos pontos de produção e consumo em todo o território nacional.

Espera-se que prevaleça o bom senso e o interesse maior de todo o povo brasileiro e de todos os agentes econômicos e produtivos, a imediata da normalidade das atividades econômicas, a livre circulação de pessoas e bens fundamental ao desenvolvimento do País.

Franciso Pelucio
Presidente da NTC&Logística

Fonte: CBN e Estradas.com.br

Matéria atualizada as 20h14