Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Construção do Túnel, deputado Paulo Alexandre Barbosa diz que a audiência ajudou a esclarecer dúvidas da população e desmistificar a obra idealizada há mais de 60 anos.

O túnel Santos-Guarujá poderá ser construído em 18 meses depois da aprovação do projeto executivo. A afirmação foi feita pelo presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT), engenheiro Tarcísio Barreto Celestino, em audiência pública realizada pela Frente Parlamentar em Defesa da Construção do Túnel, coordenada pelo deputado Paulo Alexandre Barbosa. O evento foi realizado no último dia 2, no campus de Guarujá da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), em parceria com a Prefeitura do Guarujá e o Instituto Impacto.

Como presidente da Frente Parlamentar, Paulo Alexandre disse que a audiência ajudou a esclarecer as dúvidas da população do Guarujá, como já havia ocorrido em Santos, no debate público que realizou na Universidade Católica de Santos (UniSantos). “Essas discussões abertas ajudam a desmistificar a obra e acabar com desconfiança das pessoas. O túnel é perfeitamente viável. Na verdade, não precisamos de um, mas de três túneis interligando as duas cidades”.

Para um público de aproximadamente 120 pessoas, entre estudantes, moradores e usuários do sistema de Travessias de Balsas, Celestino concordou com a afirmação do deputado. Considerado um dos maiores especialistas em túnel do mundo, o engenheiro garante que construção poderá ser paga com o preço do pedágio no mesmo valor da tarifa praticada atualmente nas travessias.

De acordo com a Dersa, por ano, mais de 8 milhões veículos utilizam a balsa na interligação entre as duas cidades. São cerca de 15 mil bicicletas que diariamente passam pelo sistema. Por isso, o projeto em elaboração prevê ciclovias.

“É uma opção muito mais barata que a ponte, que, por sua vez, exigiria uma rampa de aproximação muita longa. O acesso teria que começar no Morro do Monte Serrat em razão da altura exigida para passagem de um navio. Santos e Guarujá precisariam construir algo parecido como o Minhocão, elevado considerado uma das obras mais feias de São Paulo. E isso ninguém quer”.

Ao defender o sistema submerso, o presidente do CBT ressaltou o baixo impacto ambiental da obra. A atual tecnologia permite que o túnel seja feito com segmentos pré-moldados que acompanham a topografia do Canal do Estuário. O túnel é fabricado em módulos e transportado até o local da travessia. “Tudo é muito rápido”.

O diretor do Instituto Impacto, professor Hélio Hallite, também demonstrou confiança na obra, mesmo diante de tentativas frustradas no passado. Reportagens de arquivo de jornais, exibidas na audiência, mostraram que a obra é uma reivindicação antiga.

Coordenador do estudo que traçou o histórico do projeto e as opções de traçado do túnel, Hallite não considera que o projeto, previsto desde 1947, no Plano Regional de Santos, elaborado pelo urbanista Prestes Maia, seja um prazo muito longo.

“É o tempo de amadurecimento. O Eurotúnel, por exemplo, teve o seu primeiro projeto em 1802, mas só ficou pronto em 1994. Outros túneis no mundo também levaram bastante tempo para ser viabilizado”, observou o professor.

– Segurança:

O major PM Marcelo Afonso Prado abordou os impactos do túnel no planejamento da segurança pública. Por conta do aumento de fluxo de pessoas e veículos nas vias de acesso ao túnel, será necessário um reforço do efetivo policial para combater um possível aumento de ocorrências. Se há cautela por parte da PM, a população revela confiança no projeto, que poderá ajudar a promover o desenvolvimento econômico e social da região. Em pesquisa de opinião feita pelo Instituto de Pesquisa A Tribuna (IPAT), cerca de 90% aprovaram a obra anunciada pelo governador José Serra.

Também participaram da audiência pública a deputada Haifa Madi (PDT), o prefeito do Guarujá, Farid Madi, vereadores e lideranças comunitárias da região.