Não são apenas as estradas esburacadas e o mau tempo os responsáveis pelos acidentes nas rodovias brasileiras. Um levantamento feito pelo Centro de Estudos em Logística do Instituto Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apontou que a maioria dos casos de colisões envolvendo veículos de carga é provocada por falta de atenção do motorista, excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e sono. Os acidentes ocorrem em pistas bem conservadas, à noite, e com tempo bom, sem chuva ou neblina. Anualmente, 34 mil pessoas morrem nas rodovias brasileiras.”O trabalho mostra que não adianta ter boa malha rodoviária se a sinalização não for adequada e a fiscalização, rígida”, avalia o professor Paulo Fleury, responsável pelo estudo.
Segundo Fleury, em pistas de melhor qualidade, os motoristas abusam da velocidade para aumentar a produção e melhorar a remuneração. Algumas vezes, nessas rodovias, tentam recuperar o tempo perdido em estradas mais precárias, onde a velocidade é reduzida.
Resultado disso é que 66% dos acidentes ocorrem por falha humana, principalmente imprudência (43%). Entre os casos provocados pelas condições das estradas (47% do total); 20% são atribuídos a curvas fechadas; 15% à má conservação; 7% a pistas escorregadias, e 2% à sinalização inadequada. O estudo coletou dados de acidentes – que podem ter mais de uma causa, o que justifica a soma ultrapassar 100% – ocorridos no Brasil em 2005.
Na malha brasileira, estima-se que ocorram 280 mil acidentes anuais. Os veículos de carga são responsáveis por 91 mil casos e um prejuízo de R$ 7,3 bilhões.
O acidente mais comum nas estradas brasileiras é o tombamento, com 47% do total, resultado da imprudência de motoristas que andam em alta velocidade e com carga acima do permitido. Essa situação ocorre pela ausência de balanças nas rodovias. O estudo mostra que o Sudeste concentra 42,6% dos acidentes. Das ocorrências em rodovias federais, 40% ocorreram na BR-116 (23%) e na BR-101 (17%).