Embora o contrato assinado entre a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e a Acciona, no ano de 2008, tenha celebrado a concessão de um trecho de pouco mais de 200 quilômetros da rodovia Lúcio Meira (BR-393), administrada pela Rodovia do Aço do grupo Acciona, ele também estabeleceu à concessionária algumas regras que, de acordo com os usuários, não vem sendo respeitadas pela empresa.
Pelo contrato, a Acciona teria a concessão do trecho que vai de Volta Redonda à divisa com o estado de Minas Gerais por pelo menos 25 anos.
Para tanto, a concessionária teria que atender algumas exigências, dentre elas a de implementar obras destinadas a aumentar a segurança e a comodidade dos usuários, como expansão da capacidade da rodovia, sua modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos seus equipamentos e instalações, para garantir a continuidade da prestação de serviços em nível adequado. Porém, mesmo com os termos estabelecidos em contrato, os usuários da rodovia se dizem insatisfeitos com as intervenções que foram feitas até agora pela concessionária. Alguns afirmam que o realizado até agora pela Acciona é pouco diante do tempo em que a rodovia vem sendo administrada pelo grupo.
Esta é a opinião de Douglas Baltazar Gonçalves. O professor mora em um bairro de Barra do Piraí que é cortado pela rodovia, e reclama do fato de que muito pouco se fez pelo período de tempo (quase três anos) que a Acciona já está administrando a estrada.
– Vou para Vassouras duas vezes por semana e percebi que as melhorias foram pequenas, não parece nem uma rodovia com concessão – opinou.
Embora o contrato de concessão estabeleça que fica sob responsabilidade da Acciona o zelo não só sobre a rodovia, mas também sobre as faixas de domínio e acessos, há quem diga que nenhuma mudança vem sendo feita nestes pontos, principalmente quando são acesos oriundos de bairros. Foi o que contou Gonçalves:
– Quando uma empresa ganha uma concessão pública ela já deve prever que terá de investir nas proximidades da pista. Eu, por exemplo, moro no Bairro de Fátima e uma das obrigações da empresa seria fazer uma sinalização para entrada e saída de veículos, mas na verdade o que eu vejo é a operação tapa buraco da concessionária, que só fica na pista principal e nem se preocupa com as pistas de acesso. O que foi feito até agora é muito pouco pelo preço que se paga no pedágio, e não resolve o caso – analisou.
O usuário disse ainda que situações de segurança – como a colocação de faixas de pedestres e sinalização – fazem parte das obrigações da empresa que vêm sendo ignoradas no bairro em que mora e no trecho que costuma percorrer.
– Já vimos inúmeros acidentes que ocorreram na faixa do bairro que poderiam ter sido evitados com melhorias simples, como faixas ou mesmo sinalização. A Acciona tem coragem de fazer recapeamento asfáltico em uma das faixas e, ao lado, ver buracos enormes e ignorá-los – afirma.
O estudante Régis Paiva é outro usuário que avalia como superficial o investimento feito pela concessionária. De acordo com ele, é até possível perceber alguma melhora, mas nada que possa ser considerado significante para os usuários.
– Houve uma melhora mínima. A estrada ainda está cheia de buracos em alguns trechos, principalmente nos acessos de alguns bairros que, na minha observação, não têm condição alguma de trânsito. A situação em alguns pontos é a mesma que estava antes de haver a concessão. Pelo tempo que a Acciona ganhou a concessão já era para vermos outros avanços – pontuou acrescentando que, “por hora, eles não fizeram nenhuma mudança significativa. Estão tapando o sol com a peneira”.
De pouco em pouco
Opinião um pouco diferente sobre a situação da rodovia tem a jornalista Camila Neves. Segundo ela, as mudanças feitas até agora já surtiram efeito, visto que antes da concessão a situação da estrada era ainda mais precária.
– A Lúcio Meira estava praticamente abandonada quando a concessionária a pegou para administrar. O mato estava invadindo as pistas, não havia acostamentos e a sinalização era horrível, tanto a horizontal quanto a vertical. Depois da concessão houve uma melhora significativa. É mais seguro trafegar pela rodovia, principalmente à noite – afirmou.
No entanto, embora reconheça algumas mudanças, Camila confessa que seriam poucas as intervenções.
– Acredito que muita coisa ainda deve ser feita, pois com a concessão abriram-se duas praças de pedágios em nossa região. Acho que deve ser feita a duplicação das pistas nos dois sentidos, colocar-se telefones de emergência em cada quilômetro, como vemos em outras rodovias, e implantar mais postos de atendimento e socorro entre Volta Redonda e Três Rios. Isso já podia ter sido feito, realmente – destacou.
Há, no entanto, quem defenda as obras realizadas pela concessionária: é o caso de Ananda Valente, moradora do Jardim Amália. Ele viaja pela estrada somente de ônibus, e diz que percebeu que o trajeto que faz para Valença – onde mora a mãe – ficou mais tranquilo depois de algumas obras feitas pela concessionária.
– Depois dos transtornos que provocaram engarrafamentos durante o período de obras eu percebi que valeu a pena, pois a qualidade da estrada ficou muito boa.
Não costumo passar por ali de carro, mas mesmo em ônibus a gente percebe o quanto a viagem ficou mais agradável – avalia.
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