Noite foi fria e dia, quente. ‘A estrutura está doente, então a gente faz um diagnóstico a cada momento que ela apresenta algum sintoma’, diz secretário de Obras de SP
O viaduto que cedeu dois metros na Marginal do Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na quinta-feira (15) continua em movimentação para baixo, segundo o secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras da Prefeitura da capital, Vitor Aly. Segundo ele, na madrugada de sexta-feira (16) para este sábado (17), a estrutura cedeu mais, devido à diferença de temperatura.
“Nós tivemos novamente uma movimentação na estrutura, apesar de ontem a gente ter tido ela estável durante todo o dia, todo o dia, mas no período da noite, em função da diferença de temperatura, os colegas de vocês passaram frio ontem, podendo perceber quanto caiu a temperatura. Nós tivemos uma variação de temperatura e, como era esperado, e a estrutura é projetada para isso, houve uma movimentação. Então, nós tivemos um recalque do lado direito de 3 milímetros e tivemos um recalque do lado esquerdo. Ela baixou um pouco mais a estrutura”, disse Aly.
Segundo ele, houve a diminuição, no acumulado, de 1 centímetro no lado direito e 1 centímetro vírgula 2 milímetros do lado esquerdo.
Na sexta, o secretário chegou a afirmar que havia risco de desabamento da estrutura. Segundo ele, neste sábado, como a estrutura “abaixou um pouco”, o local “continua uma área de risco, pois está se movimentando ainda”.
Ao todo, 75 operários trabalham no local neste sábado buscando aliviar o peso da estrutura sobre um pilar, colocando estacas de suporte e de escoramento da viga, que pesa mais de 550 toneladas. Isso porque, desde sexta-feira (16), a linha 9-Esmeralda da CPTM teve o serviço interrompido na via para os trabalhos dos operários, evitando, assim, maior trepidação na estrutura.
“Todas as medidas estão sendo tomadas no sentido do escoramento pra abreviar a interrupção da CPTM e pra garantir a segurança dos operários. Nós temos 75 funcionários trabalhando. Isso não quer dizer que isso aqui vai virar um formigueiro porque se não, não adianta. O trabalho tem que ser organizado, ponderado. É uma área de risco ainda, nós temos algum risco, a estrutura ela está doente, vocês já sabem disso, tanto é que ela está se movimentando e ela tá fazendo com que a estrutura trabalhe. Então, em função dessa diferença, inclusive hoje vamos ter uma queda de temperatura, a gente espera que ela trabalhe um pouco mais”, assinalou ele.
“A estrutura está doente, então a gente faz um diagnóstico a cada momento que ela apresenta algum sintoma. Então, a gente vai pensando numa solução. Uma delas que a gente entende que vai ser necessária seria o macaqueamento então nós já estamos abreviando já essa decisão porque nós precisamos aliviar a tensão no pilar rompido pra preservar a integridade da estrutura”, disse Aly.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) montou um comitê de crise, composto por secretários de Subprefeituras, Infraestrutura, Comunicação e Transportes, além dele próprio. O grupo tem se reunido por meio de videoconferências para discutir soluções para o viaduto, construído no final da década de 1970.
Durante a madrugada, o degrau formado pela parte do viaduto que cedeu foi pichada por dois homens. A ação dos pichadores durou 5 minutos. Às 2h49, as câmeras da TV Globo registraram com exclusividade dois homens invadindo a área e pichando a estrutura. Três minutos depois, com quase tudo já pichado, um policial e um segurança abordaram os homens.
Eles pararam de pintar e atiraram o balde de tinta longe. Depois subiram o degrau e foram revistados. Eles saíram escoltados pelos seguranças e foram encaminhados ao 14º DP (Pinheiros).
CPTM e trânsito
Devido ao risco, a Linha 9-Esmeralda da CPTM, que passa sob o viaduto, foi interrompida entre as estações Pinheiros e Ceasa. As estações Villa-Lobos e USP-Cidade Universitária estão fechadas. O sistema de ônibus gratuito Paese foi acionado, segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelisioni.
A Prefeitura de São Paulo decidiu liberar o rodízio de veículos em trecho da pista local da Marginal Pinheiros devido aos transtornos provocados pela interdição da via expressa após o viaduto localizado na altura do Parque Vila Lobos, na Zona Oeste, ceder.
A circulação de todos os veículos será liberada no sentido Castelo Branco, entre a Av. dos Bandeirantes e a Ponte dos Remédios, a partir da próxima quarta-feira (21). Veja o mapa abaixo.
Segundo o secretário municipal de Transportes e Mobilidade Urbana, João Octaviano, a ideia é permitir que as pessoas, que não poderão trafegar pela via expressa da marginal no retorno do feriado, não fiquem presas na via, podendo fugir da região. Fora da área, o rodízio permanece, lembra Octaviano.
Até terça-feira (20), prefeitura e governo do estado pretendem fazer um novo teste, para verificar se o trem da CPTM pode voltar a circular na região;
“Com a restrição na marginal, colocando veículos na pista local, buscamos permitir o uso dos viários paralelos secundários, paralelo às marginais, da Faria Lima até a Ponte dos Remédios”, disse Octaviano. Segundo ele, serão colocados painéis nas rodovias para informar a área de restrição e em que há liberação do rodízio, orientando os motoristas. “Se puder ter outra alternativa à marginal que o faça”, assinalou.
A suspensão será adotada até a liberação total da pista após as obras de recuperação, que ainda não têm previsão de quanto tempo devem durar. O rodízio já estava suspenso em toda capital até terça-feira (20) por conta do feriado prolongado.