Com a entrega dos 23,8 quilômetros da Estrada do Agricultor, a atual administração estadual cruzou a barreira dos 200 quilômetros de asfaltamento somente este ano. O número não é pouca coisa. Corresponde a mais de 20% de toda área asfaltada do Acre.

“Há mil quilômetros asfaltados no Acre. Mais de vinte por cento foi feito este ano”, revelou o governador Binho Marques.

Binho Marques fez questão de destacar, no entanto, que o asfaltamento não vem sozinho. Lembrou que os municípios de Plácido de Castro, Acrelândia, Capixaba e Senador Guiomar fazem parte de uma Zona Especial de Desenvolvimento (ZED), que está recebendo investimentos porque tem potencial para se desenvolver.

“ZED é uma palavra que vocês ainda ouvirão falar muito, mas entenderão com o passar do tempo. Nós também entraremos forte nos ramais”, disse. Só Acrelândia dispõe de 700 quilômetros de ramal.

Marques declarou que o povo acreano não pode ter medo de desafios. E voltou a declarar que o Acre será o melhor lugar para se viver na Amazônia a partir de 2010.

“Disse isso porque sei que o povo acreano não tem medo de desafios. É um povo que não brinca com coisa séria. Nossos índices irão melhorar muito nos próximos anos.”

Tudo é uma questão de acreditar no progresso

Ao chegar ao Ramal Granada, em Acrelândia, José Resende veio atrás de conseguir um pedaço de terra para produzir leite. Tinha experiência acumulada no Espírito Santo e acreditava que poderia obter sucesso na Região Amazônica.

“Eu sempre fui empregado, queria trabalhar e ser proprietário de alguma coisa”, recorda.

Resende chegou ao Acre quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ainda estava assentando as famílias que vieram do Paraná, praticamente expulsas de suas propriedades quando a hidrelétrica de Itaipu entrou em funcionamento.

“Foi um tempo difícil. Nos anos de 1987 e 1988 só não foi embora quem não pôde. Conheci gente que trocou sua propriedade por uma passagem de volta para o Paraná,”

As dificuldades, no entanto, não assustaram Resende nem seus familiares. O negócio do leite não deu certo e todo o plantel foi desfeito. Passou a investir no café, mas também não obteve sucesso.

A persistência, porém, valeu a pena. Atualmente, José Resende é presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite de Acrelândia (Coopa). São 618 produtores cadastrados, que entregam 18 mil litros de leite por dia para a empresa de laticínio do município produzir derivados como queijo e manteiga. O faturamento mensal médio é de R$ 200 mil.

Com o asfaltamento da AC-475, Resende acredita que a produtividade será ainda maior, já que a perda atual é de 40% porque a logística de transporte tende a melhorar a partir de agora.

“Hoje tenho consciência de que o importante é acreditar no progresso. No início não dava para acreditar. Mas, como estávamos dentro do barco, fomos obrigados a isso. Não me arrependo.”