Durante 18 meses, o governo federal bancou o aluguel de 200 radares de
velocidade instalados nas estradas federais sem emitir multas para os
motoristas que infringiam os limites de velocidade.

Os radares
funcionam desde janeiro de 2011, boa parte em Minas Gerais,
registrando a velocidade dos veículos e enviando ao órgão federal as
notificações. Mas as multas nas estradas federais só começaram a ser
emitidas a partir de agosto deste ano.

No período, o Dnit
(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) gastou quase
R$ 12 milhões pela locação dos aparelhos, segundo dados do Orçamento.
Há ainda mais R$ 35 milhões em dívidas a serem pagas.

Como
comparação, a manutenção de todas as estradas federais de São Paulo
custa R$ 11,3 milhões ao ano.

O atual coordenador-geral de
operações rodoviárias do Dnit, Romeu Scheibe Neto, afirma que o órgão
permitiu a instalação dos equipamentos antes de ter um sistema para
receber, processar e enviar as multas aos motoristas.

A conta
só não é maior, segundo Scheibe, porque, em setembro de 2011, a nova
direção do Dnit suspendeu a implantação de radares novos e deu início
ao processo de compra do sistema de emissão das multas.

Poucos
meses antes, toda a direção do órgão havia sido exonerada após
denúncias de corrupção no departamento.

Luiz Antonio Pagot,
diretor-geral do Dnit quando o órgão contratou a instalação dos
radares, afirma que o atraso na emissão das multas se deveu a
liminares na Justiça e a problemas com a aferição dos equipamentos.
Pagot lembra, ainda, que sua saída do Dnit ocorreu em julho de 2011 e,
para ele, não há justificativa para o fato de o órgão ter demorado um
ano para pôr o sistema em ação.

MENOS VÍTIMAS

No
primeiro mês de funcionamento do sistema de emissão das infrações, em
agosto de 2012, foram permitidas as instalações de mais radares nas
estradas federais e o número de equipamentos em todo o país foi a 948.
Eles registraram 55 mil infrações, totalizando R$ 6,5 milhões.


O Dnit não informa quantos motoristas deixou de punir durante o
período em que as multas não estavam sendo geradas, mas, tomando como
base a média das notificações geradas por radar desde agosto, o órgão
pode ter deixado de emitir 210 mil multas e de arrecadar R$ 25
milhões.

Scheibe afirma que, mesmo sem a emissão de multas, os
radares foram eficientes porque contribuíram para a redução do número
de acidentes nas estradas em que estavam instalados.

“Tivemos
reduções de até 30% no número de vítimas fatais em alguns lugares,
mesmo sem a multa. A efetividade do sistema foi atingida. Uma morte
custa muito.”
Dimmi Amora- Brasília.