INDÚSTRIA DA MULTA OU FÁBRICA DE INFRATORES

É comum ouvirmos pessoas reclamando dos agentes de trânsito, dos radares nas rodovias, da Lei Seca. Essas pessoas dizem que é tudo parte da Indústria da Multa.  Reclamam que  as autoridades não estariam preocupadas com a segurança e sim em ganhar dinheiro.

As mesmas pessoas alegam que a questão é de educação e que o Governo deveria educar antes de punir. Na maioria das vezes estes argumentos aparecem quando o sujeito foi multado e punido. Dificilmente quem nunca perdeu um ponto na carteira faz esse discurso.

Ninguém está dizendo que não existem abusos. Eles acontecem mas será que temos de fato uma Indústria da Multa?

Os que defendem essa tese  ficam entusiasmados quando lêem, por exemplo, matéria informando que na cidade de São Paulo a Prefeitura arrecadou R$ 1.500,00  por minuto com multas de trânsito em 2012. Quase R$ 800 milhões ao longo do ano.

Vamos recorrer a matemática para verificar se existe de fato uma Indústria da Multa. São Paulo, tem frota de 7,3 milhões de veículos, sem contar os de outras cidades que passam diariamente pela capital paulista.  Vamos imaginar que circulem cerca de 150 mil veículos por minuto na cidade, ou seja, pouco mais de 2% da frota de São Paulo. O valor de R$ 1.500,00 de multa por minuto, poderíamos dividir por 10 motoristas ,  com média de R$ 150,00 cada um. Portanto, teríamos 10 motoristas punidos  e 149.990 que não foram multados a cada minuto.

O que não quer dizer que não tenham cometido infrações. Pense em quantas vezes por dia você mesmo observa o motorista do ônibus em excesso de velocidade, o de carro dirigindo de forma imprudente, o motociclista sem capacete,  gente trafegando pelo acostamento, ultrapassagem em local proibido, motorista falando ao celular, motorista que bebe e dirige…

Não estou dizendo que não existem eventuais abusos de autoridades mas na maioria dos casos a responsabilidade é do motorista. Além do mais, ninguém é obrigado a cometer infrações de trânsito. Toda via tem um limite de velocidade, quando você vai além corre o risco de ser flagrado e punido. E são muito raras as vezes que isso acontece em relação as irregularidades praticadas.

Quanto a educação no trânsito, ela é importante para as novas gerações que ainda não começaram a dirigir. Os demais foram obrigados a estudar a lei do trânsito para tirar carteira. Portanto, sabem o que podem e o que não podem fazer.

No Brasil, muito mais desenvolvida que a indústria da multa é a indústria da impunidade e nós temos uma fábrica de infratores. Os números do Seguro DPVAT, a fonte mais confiável que dispomos em termos de vítimas fatais e feridos, mostram claramente que não podemos mais tolerar o desrespeito as normas de trânsito.  Estamos perdendo vidas.

Precisamos entender que punir é uma forma de educar, principalmente quem já tem carteira e não pode alegar que precisa de um campanha educativa. E existe uma saída para não ser punido: Respeitar as leis do trânsito.

Autor: Rodolfo Alberto Rizzotto – Editor do www.estradas.com.br