As obras descritas no contrato de concessão da Autopista Litoral Sul, concessionária que detém a exploração de praças de pedágio em Palhoça e Porto Belo são cobradas pelos prefeitos de Biguaçu São José e Palhoça.

Além do rodoanel para diminuir as filas em pontos estratégicos da BR-101, os lideres do Executivo exigem ainda que seja cumprida pela Autopista a determinação de cuidar das marginais da rodovia, problema que se arrasta há anos e tem causado transtornos aos usuários das vias laterais.

O prefeito de Biguaçu, José Castelo Dechamps, acredita que o estabelecimento de um fórum permanente para discutir a atuação da Autopista na região tornará as conversações mais fáceis. “Joinville é muito longe, precisamos de uma filial na Grande Florianópolis”, defende.

Nos cinco quilômetros da BR-101 que passam pelo município de Biguaçu há todo tipo de problema nas marginais, de buracos a falta de sinalização. “São recuos de pontos de ônibus que precisam ser melhorados, além de diversos trechos que estão sem conservação”, critica.

Ainda que a favor do pedágio e suas taxas, Castelo acredita que o benefício deveria vir primeiro. E que as pessoas estão pagando por algo que ainda não têm. “O serviço deveria ser desfrutado para seguidamente ser cobrado da população”, declara.

Situação antiga que tem sido razão de prejuízo para dezenas de motoristas são os alagamentos no viaduto do bairro Passa Vinte, na altura do Km 216 da BR-101, em Palhoça. “Solicitamos à Autopista a liberação para que façamos a dragagem”, garante Ronério Heiderscheidt, prometendo parceria para que haja agilidade nas obras de melhoria.

O prefeito de Palhoça afirma que na próxima reunião do fórum, no dia 15 de março, serão apresentados os relatórios de cada prefeitura sobre as necessidades da respectiva região. “A Autopista desconhece todas as situações. E elas serão claramente apontadas”, afirma.

O rodoanel que no momento depende de licenças ambientais será a saída para as filas em horários de pico na BR-101. “Agora poderemos cobrar datas, prazos e o andamento da situação”, fala Heiderscheidt ao afirmar ainda que se a Autopista cumprir seus deveres as condições de trafegabilidade ficarão sensivelmente melhores.

Porto Belo

Com mais dinheiro no caixa da Autopista Litoral Sul, os municípios esperam que a concessionária realize também obras no entorno da rodovia. Mas a relação entre governantes e empresa é conflituosa.

Porto Belo abriga uma das quatro praças de pedágio em Santa Catarina. Segundo números da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) diariamente 32 mil veículos passam por ali. Apesar disso, não recebe nenhum beneficio. Segundo o prefeito Albert Stadler (PTB), quase não existe conversa com a concessionária. “Pleiteamos o início da construção da marginal, iluminação no trevo de acesso, mas até agora nada”, reclama.

O que deixa a relação mais estremecida é o fato da concessionária querer cobrar para deixar que a tubulação de esgoto passe pela faixa de domínio da rodovia. “Não vamos pagar. É uma obra de interesse público”, ressalta o governante.

Para o prefeito de Tijucas, Elmis Mannrich (PMDB), a principal dificuldade na hora de negociar com a concessionária é o fato do contrato ter sido feito pelo governo federal. “Tem obras que nós cobramos, mas não estão no acordo ou o prazo para fazer é superior ao das nossas necessidades”, aponta Mannrich.

Apesar das reclamações, o governante vê melhoras na relação com a empresa. Segundo ele, a marginal Oeste terá mão dupla. “Eles atenderam nossa solicitação. Até que a marginal Oeste seja concluída, os carros poderão ir e vir pela pista lateral”, argumenta o prefeito, que agora trabalha para emplacar a construção de dois elevados na cidade.

Itapema

Itapema vive entre tapas e beijos com a concessionária. Atualmente, trocam juras de amor. Nem por isso, é garantia de que todos os pedidos serão atendidos. O secretario de Governo e Planejamento Estratégico da cidade, Evaldo José Guerreiro, destaca que o município foi o que mais recebeu investimentos da empresa. “Eles estão fazendo a cabeceira da ponte sobre o Rio Bela Cruz e pavimentaram e recuperaram alguns trechos da marginal Oeste”, explica.