PERNA FRATURADA: Caminhoneira fraturou uma perna ao colidir o cavalo mecânico com uma carreta, mas a montadora Scania informou que o acidente não teve vítima. Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros Voluntários de Concórdia

Uma grave colisão entre uma carreta, que transportava máquinas agrícolas, e um cavalo mecânico, conhecido como “cavalinho” ou caminhão-trator, foi registrada na manhã dessa quinta-feira (24), por volta das 10h, na altura do km 106 da BR-153, em Concórdia, no Oeste catarinense.

A caminhoneira, de 41 anos, conduzia o “cavalinho” sobreviveu por milagre, mas ficou presa nas ferragens. Depois do atendimento dos bombeiros, foi levada para o hospital da região.

No primeiro momento, circulavam notícias de que a ela teria falecido. Felizmente , sobreviveu com algumas lesões e possivelmente fraturas. Junto com ela estaria um colega que aparentemente não sofreu ferimentos, mas sobre o qual não há informações na imprensa da região. Outra caminhoneira que seguia logo atrás teria informado à imprensa local que a motorista é de Ponta Grossa (PR).

Já na outra carreta, que transportava máquinas agrícolas, não houve grandes danos e o motorista nada sofreu.

Cavalinho sem placa

O veículo Scania, dirigido pela caminhoneira, segundo informações obtidas pelo Estradas.com.br, era modelo 0km, procedente de São Bernardo do Campo (SP), onde fica a fábrica da montadora, e tinha como destino a cidade de São Borja (RS).

ZERO KM: O “cavalinho” dirigido pela caminhoneira estava sem placa e colidiu com uma carreta na BR-153, em Corcórdia (SC). Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

O veículo não está licenciado, por isso circula sem placa e, aparentemente, o cronotacógrafo está sem verificação do Inmetro. O que poderá comprometer a perícia, já que as informações registradas na “caixa preta” do setor de transportes são essenciais para apurar o que pode ter ocorrido.

Não há informações ainda quanto à jornada da motorista e se está com exame toxicológico e habilitação em dia.

Solicitamos explicações sobre o caso para a Scania, já que o veículo partiu da cidade da montadora. A empresa ficou de responder, mas até o fechamento da matéria não enviou esclarecimentos.

Há poucos dias, o Estradas.com.br solicitou informações para várias montadoras de caminhão sobre como era feito o transporte dos caminhões novos. Até hoje, a Scania não prestou as informações solicitadas há dias, muito antes do da colisão registrada ontem.

Pelo que foi apurado pelo portal, é comum veículos novos, com apenas o cavalinho (caminhão-trator), serem levados da montadora para compradores ou concessionários por motoristas, ao invés do transporte em caminhões prancha, como a própria Scania faz na Europa.

Essa prática é considerada extremamente perigosa, principalmente pela falta de controle. Como andam sem placa, alguns motoristas aproveitam e andam acima do limite de velocidade porque a polícia rodoviária e os radares fixos não conseguem identificar o infrator.

Muitas vezes, nem mesmo o cronotacógrafo, que permitiria identificar a velocidade praticada durante o trajeto está legalizado. “Eles acham que estão na Fórmula Truck“, explica um caminhoneiro que já denunciou esse tipo de condutor, mas não quis ser identificado.

Segundo as primeiras informações, que ainda precisam ser confirmadas, a caminhoneira perdeu o controle de direção do “cavalinho” e colidiu na lateral da carreta com máquinas agrícolas que vinha no sentido contrário. Após a batida, o cavalo saiu da pista e acabou chocando-se com um paredão de pedra às margens da rodovia.

A Polícia Rodoviária Federal está apurando o caso e dependerá de perícia bem feita para esclarecer o que de fato ocorreu. O Estradas.com.br está estudando outros casos do gênero para alertar as autoridades e sociedade sobre os riscos dessa forma de transporte de caminhões novos.

DAF transporta caminhões novos apenas em pranchas por questão de segurança

Durante a Fenatran, principal feira de transportes do país, o Estradas.com.br conversou com o diretor de vendas da DAF, Gabriel Fernandes, que somente utiliza caminhões prancha para o transporte de veículos novos como é praticado na Europa.

De acordo com Fernandes, acima de tudo está a segurança de todos os envolvidos no processo, do início ao fim. “Nosso processo de entrega do produto é muito simples. Nós temos dois transportadores, que fazem a entrega para toda nossa rede de concessionárias no Brasil, que nós chamamos de ‘caminhões embarcados’, em pranchas. Nós entendemos que esse é um modelo que tem diversas vantagens, e dentre elas, a própria segurança, do motorista, a integridade do veículo e a agilidade na entrega ao cliente.”

O mesmo padrão não é adotado por todas as montadoras e a Scania é uma dessas. Ao menos, pelo que foi apurado até agora. Contrariando o transporte dos caminhões da mesma empresa na Europa. O que vale no velho continente para a Scania, em termos de segurança, parece que não vale para o Brasil.

3 COMENTÁRIOS

  1. Poxa,como é triste ler ou ouvir ” jornalista” passando matérias muitas vezes de cunho trágico,com alto teor de ACHISMO ESPECULATIVO.Caminhão sem placa é altamente perigoso?Quais dados ou estatísticas comprovam isso? Indiferente de quem ou quem causou o acidente,que se tenha respeito pelas vítimas e envolvidos.Precisamos de um jornalismo sério e comprometido com a verdade,não de sensacionalismo sem coerência.

    • Veículo sem placa passa por radar sem flagrar a velocidade. Isso é fato! Os próprios policiais rodoviários, com quem temos conversado, e vários caminhoneiros reconhecem que isso acontece direto. Principalmente na BR-153 com cavalinhos Scania. As imagens são muitas vezes postadas pelos próprios no Tik Tok e outras mídias sociais. Enquanto isso, na Europa, sede da Scania a empresa transporta utilizando caminhões prancha. Portanto, estamos apurando esse caso e muitos outros. Nos próximos dias vamos mostrar os maus e bons exemplos. A DAF, por exemplo, usa no Brasil o mesmo sistema que na Europa. Ouvimos especialistas de várias áreas, inclusive peritos especializados em acidentes (sinistros) com veículos pesados. Portanto, quando se trata de segurança viária somos sempre coerentes e não toleramos que vidas sejam colocadas em risco por qualquer motivação.

  2. Sugiro que a montadora Scania cria uma placa para o percurso da fábrica até a loja ou cliente, depois seja devolvida via malote,para indentificar motorista, fica minha sugestão

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