Caminhoneiros que antes conseguiam manter a família rodando com um caminhão pelos estados brasileiros precisam correr muito trecho para conseguir renda líquida de R$ 1.000 por mês. O exemplo foi dado anteontem, pelo presidente do Sindicato dos Transportes Rodoviários Autônomos de Maringá e Região (Sindicam), Osvaldo Reginato,50. “Cadê o mercado? Estamos procurando “.
É com essa pergunta que o sindicalista responde como vai o setor. A entidade tem pelo menos 20 mil trabalhadores autônomos em 53 municípios da região e a classe é unânime em reclamar da crise agravada pela queda no volume de fretes de grãos. Segundo Reginato, o setor enfrenta prejuízo há oito anos por causa dos constantes aumentos no combustível e insumos como pneus e peças. Segundo ele, 25% dos profissionais abandonaram as estradas nesse período. O sindicalista que também foi caminhoneiro diz que a crise agravada nos últimos meses pela falta de grãos, começou com os pedágios. As empresas que contratam o frete deveriam, por lei pagar o pedágio. “Maioria não paga e não tem fiscalização”, afirma.
O número do vale pedágio deveria constar na nota fiscal, mas isso também não acontece. Reginato afirma que nos últimos seis anos o custo do frete cresceu 100%. “Quem tem uma caminhão pequeno não consegue sobreviver”, analisa, ao se referir ao veículo com três eixos, com capacidade para 12 toneladas. Ele deu como exemplo uma viagem entre Maringá e o Porto de Paranaguá. O caminhoneiro recebe, em média, R$ 40 pela t. “Metade do que recebe vai em diesel”, diz. “Ele deveria ficar com 40% líquido de cada frete, mas não sobra nem 20%”, calcula.Quem possui um caminhão bitrem, capaz de carregar 47 toneladas, consegue ainda algum resultado, segundo ele. Diante do cenário nada animador, o sindicalista pensa no sistema cooperativo para reduzir os custos e minimizar a crise que afeta o setor.
A falta de profissional com perfil para gerenciar o negócio ainda é o entrave para a criação da cooperativa. “Não temos pessoas preparadas para assumir um negócio como esse. A pessoa tem que entender do setor”, diz. Incentivos por parte do governo para renovação da frota e subsídios para o combustível também ajudariam nesse momento. Cooperativa reúne 250 associados Duzentos e cinquenta caminhoneiros que já faziam de uma associação em Astorga criaram uma cooperativa em 2003, para tentar comprar em maior quantidade e reduzir custo. Por enquanto, o que a entidade pode comemorar é a aquisição de óleo diesel sete centavos mais barato e ainda lonas de freio e lubrificantes. Compra de pneus, por exemplo, que também pesa nas contas, a cooperativa ainda não consegue, segundo o presidente Marcos Berto, afastado das estradas para assumir o cargo.
Longe da boléia e em meio à burocracia dos papéis há seis meses, Berto diz se sentir pouco à vontade na função, mas não esqueceu o que o caminhoneiro tem enfrentado. “Tá bem difícil. Estamos num ano muito ruim. A safra não foi boa e tem produtor segurando o que colheu. O frete caiu muito”, afirma, ao lembrar que os grãos ainda são a principal carga da região. J.C Roubo gera prejuízo de R$ 1 bi Os perigos a que se refere Romoaldo Fioresi são muitos, a começar pelo roubo de cargas, que muitas vezes acaba com o sumiço de caminhão e caminhoneiro. O transporte rodoviário no país utiliza 1,4 milhão de caminhões e gera 2,5 milhões de empregos. Segundo estatísticas do Confederação Nacional dos Transportes (CNT), pelo menos 30 caminhoneiros morrem por ano nas estradas vítimas de assaltos. Anualmente, quadrilhas dão prejuízos de cerca de R$ 1 bilhão aos transportadores – privados e autônomos Em função dos riscos, poucas seguradoras operam com cargas, fazendo com que os custos de transporte aumentem e, em conseqüência, o preço final ao consumidor .