A PRF fiscalizava o motorista e descobriu as drogas. Usuário parou e informou que ele jogou carro para fora da estrada

Ocorrência foi registrada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), na manhã de segunda-feira (17)

Caminhoneiro sob efeito de anfetamina, o popular “rebite” foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), após provocar acidente (sinistro) no km 204 da BR-316, em Valença do Piauí (PI), na manhã de segunda-feira (17), envolvendo um carro de passeio que teria tombado na pista, após perda de controle por parte do condutor que foi atingido pelo caminhoneiro.

De acordo com a PRF, o caminhoneiro, de 35 anos, teria se apresentado na base da PRF, no período da manhã de segunda-feira (17), informando que fazia a rota de Água Azul do Norte (PA) para Petrolina (PE) carregando 16 toneladas de carnes diversas.

Ainda de acordo com a PRF, o homem alegou que estaria sendo ‘perseguido’ por um veículo que teria “fechado” seu caminhão, e seus ocupantes haviam apontado uma arma para ele. No entanto, os policiais notaram que o caminhoneiro apresentava bastante nervosismo, euforia e olhos vermelhos.

Segundo os inspetores, minutos depois, um motociclista parou em frente à base da PRF e informou sobre um sinistro no km 204 da BR-316, no qual um veículo estaria fora da pista após um tombamento.

A equipe deslocou-se até o local e, ao chegar, prestou o atendimento aos cinco ocupantes do veículo, sendo que o motorista disse que um caminhão por diversas vezes teria jogado o veículo para cima do seu carro, fazendo com que ele recuasse. E que, após a ultrapassagem, o caminhoneiro tentou acompanhar a manobra, jogando novamente o caminhão para cima do seu carro, o que resultou na perda de controle e, consequente, tombamento.

De acordo com a descrição, o caminhão que provocou o sinistro possuía as mesmas características que o caminhoneiro estava. Após consulta aos sistemas da PRF, verificou-se que o condutor do veículo de carga, era motorista profissional, mas não havia registrado seus deslocamentos das últimas 24 horas, conforme previsto.

Diante disso, os inspetores realizaram uma busca pessoal e veicular, e encontraram no bolso da calça do condutor uma cartela com 13 comprimidos intactos de “rebite”, e no interior do veículo mais uma caixa com mais sete comprimidos e características semelhantes à droga, além de uma caneta com pó branco na parte interna do tubo.

Após ser questionado, o caminhoneiro afirmou ter comprado de um desconhecido e que faz uso de tais comprimidos para não dormir, mas que não havia tomado nenhum comprimido na viagem.

Porém, devido às alterações do estado mental do condutor, que apresentava episódios de paranoia, acreditando que estava sendo perseguido a todo momento, e os seguintes sinais físicos: sudorese excessiva, olhos vermelhos, pupilas dilatadas, nariz vermelho com vestígios de pó branco, exaltado, dispersivo, eufórico e falante, foi constatado que o condutor estaria sob efeito da droga.

Diante dos fatos, foi dado voz de prisão ao caminhoneiro e, posteriormente, foi  encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Valença do Piauí.

Sob efeito de droga

O Estradas apurou que ficou comprovado, posteriormente, por meio do Boletim de Ocorrência, a atitude do caminhoneiro. Há uma imagem na qual mostra o carro atingido pelo caminhão que foi ‘jogado’ para fora da pista.

A reportagem apurou que o caminhoneiro tem habilitação, categoria AD, desde 2008, com vencimento para 2026. Apesar de ter a CNH apropriada para o serviço, o condutor estava em excesso de jornada, conforme registro do cronotacógrafo, e ainda foram encontrados vestígios de cocaína e comprimidos de “rebite”.

Sensação de impunidade para motoristas que usam drogas

Atualmente, estima-se que, aproximadamente, 4 milhões de motoristas das categorias C, D e E não realizaram o exame toxicológico obrigatório. Muitos destes condutores são usuários de drogas, e estão circulando pelas rodovias.

Quando são parados pelos policiais rodoviários, a PRF segue a lei que estabelece uma janela de perdão de 180 dias, conforme determinação do ministro Renan Filho, não fiscalizar se o exame toxicológico está vencido, até 28 de dezembro deste ano.

Este fato está estimulando motoristas a usarem drogas porque não serão punidos quando o exame estiver vencido, o que é um indício de uso.

Há casos em que, independente do exame estar em dia, o condutor entende que a fiscalização está suspensa até o final de dezembro. O que pode estimular ainda mais o uso de drogas.

Evidente que a PRF não pode punir sem base legal. Mas graças ao veto presidencial e não escalonamento determinado pelo ministro, criou-se uma situação esdrúxula com o anúncio feito pela PRF de que não iria fiscalizar até 28 de dezembro quem está com o exame em dia.

A medida é inédita e pode  eventualmente contribuir para mais acidentes, já que muitos usuários de drogas das categorias C,D e E, confundem a informação da PRF com impunidade garantida.

Na nossa avaliação a PRF está certa em cumprir a lei mas errou ao divulgar que somente faria a fiscalização do exame a partir de 28 de dezembro. Muito mais grave foi o ministro não estabelecer o escalonamento previsto na norma e o presidente vetar a multa de balcão.  Veículos pesados são armas de destruição em massa quando nas mãos de usuários de drogas“, enfatizou Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas.