Os caminhoneiros contratados pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca, Floresta e Abastecimento (Seaf) para realizar semanalmente o transporte de agricultores da zona rural até Macapá estão há três meses sem receber do governo pelos serviços prestados.
Segundo um grupo de caminhoneiros que pede para não ser identificado temendo represálias, a situação estaria no limite para quem depende exclusivamente dessa renda. Conforme os denunciantes, a maioria dos proprietários de caminhões não reclama porque teria sido beneficiada com os contratos.
Durante a campanha eleitoral os caminhoneiros ameaçaram paralisar por diversas vezes, mas sempre recebiam uma pequena parcela do valor em atraso e a promessa de que o restante estaria sendo quitado.
Este ano ocorreram vários atrasos nos pagamentos e até denúncias de irregularidades no contrato de aluguel dos veículos. Em março o empresário Jorge Góes, primo do governador Waldez Góes (PDT), fez graves denúncias à imprensa e ao Ministério Público Estadual envolvendo a Seaf e a Cooperativa dos Proprietários de Caminhões. De acordo com o empresário, o governo contratou veículos fantasmas e quem realmente era proprietário de caminhão vinha sendo obrigado a pagar uma contribuição para poder receber. Jorge Góes disse na época que um irmão do governador, conhecido como Chico do Ovo, tinha um caminhão fantasma, ou seja, recebia por um veículo que não existe. No MPF a denúncia foi feita ao promotor Adauto Barbosa.
Os caminhões transportam duas vezes por semana pequenos agricultores do Estado até as feiras em Macapá, onde a produção agrícola é comercializada. Paralelo ao problema dos caminhoneiros, os produtores também denunciam prejuízos com a realização da feira. Muitos deles não conseguem espaço nos veículos e acabam perdendo toda a produção. Caminhoneiros afirmam que obedecem à lotação dos carros. Alguns agricultores insinuam perseguição política.