REBITES: Caminhoneiros são flagrados com 'rebites' na BR-116, em Jequié e Vitória da Conquista, na Bahia. Motoristas não respeitavam a Lei do Descanso e foram autuados pela PRF. Foto: Divulgação/PRF-BA

Ocorrências foram registradas nessa terça (29) e quarta-feira (30), em Jequié e Vitória da Conquista; condutores foram autuados e liberados

Dois caminhoneiros foram flagrados na BR-116, nessa terça (29) e quarta-feira (30), portando comprimidos de anfetamina, o popular ‘rebite’, e maconha. As apreensões ocorreram em Vitória da Conquista (BA) e em Jequié (BA).

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), nas duas ocorrências, foram verificados, por meio da análise dos discos dos cronotacógrafos, que os condutores não haviam cumprido os intervalos mínimos de descanso exigidos por lei. O primeiro motorista abordado estava com 31 comprimidos, e o segundo com dois ‘rebites’.

Nas duas  situações, a PRF lavrou o  termo circunstanciado de ocorrência (TCO) pelo crime de porte de drogas para consumo (art. 28 da Lei 11.343/2006). Os motoristas assinaram o termo de compromisso para comparecer em juízo  quando intimados.

Jequié

A ocorrência em na noite da terça-feira (29), no Km 677, em Jequié (BA), envolveu um caminhoneiro que conduzia uma combinação de veículos de carga. O condutor, além de possuir comprimidos de rebite, portava 30g de substância análoga à maconha.

Durante a verificação do cumprimento dos intervalos de tempo de descanso e direção, o homem retirou de dentro de uma bolsa uma cartela de comprimidos de ‘rebite’, além de afirmar que havia ingerido 4 comprimidos da droga para entregar a carga transportada em tempo hábil. Na continuidade dos procedimentos de fiscalização, a equipe localizou 30g de maconha e apetrechos para a utilização da droga.

Cocaína é bem mais utilizada que ‘rebite’

Ao contrário do que a sociedade e a própria imprensa imagina, a cocaína é a droga mais utilizada por motoristas profissionais.

Conforme levantamento exclusivo do SOS Estradas, em mais de 200 mil testes positivos, cocaína esteve presente em 50,6% dos casos dos condutores habilitados na categoria C (caminhão), 66,3% na D (van e ônibus) e 67,1% na categoria E (carretas). As anfetaminas, o popular ‘rebite’, representou respectivamente 7,0% (C) , 4,4% (D) e 8,3% (E).

NA FRENTE: Cocaína é a droga predominante em todas as categorias de condutores profissionais. Arte: SOS Estradas

Nesse sentido, é importante destacar que a maioria dos condutores de ônibus e vans, que testa positivo, circula em área urbana, transportando dezenas de milhões de brasileiros diariamente.

Embora a maioria dos motoristas profissionais não use drogas, essa minoria, que não é tão pequena assim, coloca em risco a vida de todos que circulam nas ruas e estradas, inclusive os próprios caminhoneiros e motoristas de ônibus.

Infelizmente, nas perícias de acidentes (sinistros) ainda não foi criado o hábito da coleta do cabelo do motorista envolvido para identificar o uso regular de drogas.

Curiosamente, testamos para álcool ou drogas, com curta janela, como sangue, mas o exame de larga janela permitiria identificar o motorista usuário regular de drogas. Portanto, que coloca vidas em risco diariamente, principalmente quando transporta passageiros.

Embora o Contran/Denatran tenha organizado um calendário para que os motoristas cumpram o exame toxicológico intermediário (https://www.gov.br/…/governo-federal-prorroga-prazo… ), estima-se que centenas de milhares preferiram não fazer o exame e correr o risco da multa de R$ 1.467,35, além de 7 pontos na carteira e 90 dias de suspensão da CNH.

Por que não fazem? A resposta é simples. O exame toxicológico está revolucionando o conceito de prevenção e revela que estamos diante da ponta de um iceberg assustador. O que tem por baixo da não realização do exame toxicológico é muito mais grave do que imagina a sociedade.