FALHA GRAVE: Carreta que matou fotógrafo na BR-376/PR tinha "gambiarra" nos freios; prática irregular e grave Foto: Reprodução/Redes Sociais

Especialista ouvido pelo Estradas afirma que essa prática de isolar uma roda compromete a eficiência da frenagem e é uma falha grave

A carreta da LogSul Logística que provocou a morte do fotógrafo Chuniti Kawamura na BR-376/PR, em Curitiba (PR), tinha uma “gambiarra” no sistema de freios quando provocou a tragédia na manhã dessa segunda-feira (1º de abril), em Curitiba (PR).

Segundo informações obtidas pelo Estradas, foi efetuada uma autuação pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atendeu à ocorrência, na qual envolveu duas carretas e dois carros de passeio.

A razão da autuação é que a carreta estava com mangueiras do freio isoladas. O auto de infração foi baseado no art.230 XVIII do CTB, que adverte conduzir o veículo em mau estado de conservação, comprometendo a segurança, ou reprovado na avaliação de inspeção de segurança….”

A LogSul Logística foi procurada pelo Estradas, por telefone e por E-mail, mas não retornou para dar explicações sobre o caso. A empresa está sediada em Ponta Grossa (PR), distante 95 quilômetros do local em que o fotógrafo morreu esmagado. No site oficial da LogSul Logística, há informação de que a empresa possui 75 veículos próprios na sua frota.

Autuações da PRF comprovam irregularidades graves

O veículo da marca DAF, modelo XF 105 FTT 510, ano/modelo 2018, foi autuado com base em mais duas infrações, devido a irregularidades. A primeira referente ao cronotacógrafo, a caixa preta do setor de transportes, onde é possível identificar tempo de direção, distância praticada e velocidade ao longo do trajeto.

Outra autuação ocorreu porque o motorista não pôde comprovar, até pelo mau funcionamento do cronotacógrafo ou falta do disco onde as informações são registradas, que cumpriu o descanso obrigatório. Ambas as infrações prejudicam a perícia.

Câmeras registraram tudo que ocorreu

Com base um imagens gravadas por câmeras próximas à rodovia, é possível observar que a carreta trafega pela faixa 1 (da esquerda) e, aparentemente, não tem redução de velocidade.

Em segundos, o caminhoneiro muda repentinamente para a faixa 2 (da direita) para não chocar na traseira de outra carreta, e colide com o Peugeot – que adentra ao acostamento – e prensa o Toyota Yaris contra uma carreta já parada na faixa 2. Com o impacto, o fotógrafo Chuniti Kawamura morre na hora.

A reportagem conversou com um experiente caminhoneiro, que preferiu não se identificar, que disse que esse ‘jeitinho’ de isolar o freio é mais comum do que se pode imaginar. “Essa prática de isolar o freio de uma das rodas é uma medida emergencial que é feita quando surge algum problema num dos freios da carreta. A gente chama isso de ‘gambiarra’, porque é uma solução provisória“, explicou o profissional.

Freios comprometidos

Na opinião do engenheiro Rodrigo Kleinübing, perito criminal e especialista em sinistros de trânsito, os veículos comerciais têm menor eficiência de frenagem se comparado a um automóvel, por uma questão de inércia.

Diante disso, não é aconselhável adotar essa medida. “Quando há um isolamento de uma roda, está diminuindo ainda mais a eficiência de parada, necessitando de um espaço maior para a parada total; consequentemente, há uma chance maior de causar uma colisão traseira ou até um engavetamento”, explica.

Segundo Kleinübing, essa medida é feita de forma deliberada e intencional, ou seja, uma “gambiarra” para isolar uma roda. “No caso de um caminhão, naturalmente, ele tem uma menor eficiência de frenagem e, com isso, terá menos ainda. Ele não pode trafegar com uma mangueira isolada. É uma falha grave e intencional“, frisa.

Trabalho dos peritos

De acordo com o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, a perícia da Polícia Civil terá bastante material para tentar solucionar o sinistro. “Diante da quantidade de imagens de vídeo gravadas e divulgadas na mídia, o trabalhos dos peritos fica facilitado. Porém há que ressaltar que é preciso verificar também a responsabilidade da empresa. Caso a “gambiarra” tenha sido feita ou autorizada por alguém da empresa, no nosso entender, a responsabilidade criminal não pode ser restrita ao motorista“, frisou Rizzotto.

Caminhoneiro da LogSul Logística prensa carro contra carreta matando condutor na BR-376/PR

1 COMENTÁRIO

  1. É muito triste mas acontece com pessoas de má fé e colocam todos em risco,cadê fiscalização ?????

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