
Foram 605 óbitos no estado, 8% a mais que em 2023; maioria ocorreu em pistas simples e teve ao menos um caminhão envolvido, de acordo com a PRF
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou, nessa quinta-feira (16), um balanço de ocorrências de trânsito nas rodovias federais no Paraná em 2024, apresentando dados de sinistros de trânsito, fiscalização e educação para o trânsito.
De acordo com o documento, os registros apontam que 605 pessoas morreram em sinistros, número 8,2% maior do que o de 2023, quando 559 pessoas faleceram. A alta nas mortes decorre, principalmente, por dois tipos de sinistros: colisões frontais e atropelamentos de pedestres, com aumentos de 19,8% e 13,3%, respectivamente.
A colisão frontal segue como o tipo de sinistro com mais mortes. Apesar de representar apenas 6,3% do total de sinistros, foi responsável por 181 mortes, cerca de 30% do total. Esse tipo de colisão ocorre, principalmente, devido a ultrapassagens proibidas ou malsucedidas, e ao excesso de velocidade.
Assim como acontece nas colisões frontais, os sinistros de atropelamentos de pedestres geram muitos óbitos em desproporção com a quantidade de sinistros. Correspondendo a apenas 4,3% dos sinistros, com 312 registros, os atropelamentos respondem por 16% dos óbitos (97 pedestres mortos).
Do total de atropelamentos, um terço resultou em morte, despertando ainda mais atenção para este grave problema, demonstrando a fragilidade dos pedestres no trânsito.
Os atropelamentos guardam uma relação direta com a falta de luminosidade natural. Oito em cada dez mortes de pedestres (79 de 97) ocorreram à noite ou em horários propícios ao ofuscamento da visão, como o amanhecer e o anoitecer. Dos 212 atropelamentos que ocorreram nesses horários, 189 foram em locais sem iluminação artificial.
Flagrantes
Em 2024, policiais flagraram 19.056 condutores realizando ultrapassagens proibidas. O número, equivalente a mais de 53 autuações por dia, apresenta um pequeno recorte do cenário de desrespeito à vida nas rodovias paranaenses. Nas fiscalizações com o uso de radares de velocidade, foram 341.028 flagrantes, mais de 930 por dia.
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) traz em suas normas que os veículos de maior porte são responsáveis pela segurança dos veículos de menor porte. Os registros de 2024 servem para mostrar como a diferença de massa entre os veículos pode amplificar as consequências negativas dos sinistros.
Mais da metade das mortes (51%) ocorreram em situações que envolveram caminhões, embora estes estejam envolvidos em apenas 29% das ocorrências. Foram 2.136 sinistros envolvendo caminhões, com o resultado de 313 mortes.
Esse quadro repete um destaque negativo já registrado em 2023, quando foram registradas 291 mortes envolvendo estes veículos. Com um aumento de 7,56% em relação a 2023, 22 vidas a mais foram perdidas em sinistros com o envolvimento de caminhões.
Apesar de uma diminuição na quantidade de sinistros que envolveram caminhões com problemas mecânicos, passando de 278 para 218 ocorrências, houve um aumento de 30% nas mortes, que passaram de 30 para 39.
Caminhões
Dados de novembro de 2024 do Ministério dos Transportes (MT) mostram que, dos mais de 9 milhões de veículos registrados no Paraná, apenas 4,7% são caminhões. Entretanto, por entender a relevância desses veículos no cenário de sinistros e mortes no trânsito, quase metade das abordagens a veículos no estado foram a veículos de carga.
Das 260 mil abordagens a veículos realizadas em 2024, 118 mil foram a caminhões, com verificação das condições de motoristas, dos veículos e de documentos obrigatórios. Um dos resultados obtidos, foi o aumento de 130% de flagrantes de condutores de veículos pesados dirigindo sem o descanso obrigatório, com o número de ocorrências subindo de 2.582 para 5.955.
Como possível reflexo, foi observado um aumento no número de tombamentos de caminhões nas rodovias federais paranaenses, saindo de 245 para 270 ocorrências, com consequente aumento de mortes nestes sinistros, de 14 para 19 óbitos.
Sinistros de trânsito
Em 2024, nos quase quatro mil quilômetros de rodovias federais atendidas pela PRF no Paraná, foram registrados 7.302 sinistros, resultando em 8.372 feridos e 605 mortos. Esses números são maiores do que os registrados em 2023, quando 6.827 sinistros resultaram em 7.804 feridos e 559 mortos.
Proporcionalmente, existe um aumento maior no número de mortos, com 8,2% de alta, demonstrando uma maior gravidade nos sinistros. Ao todo, contabilizando feridos e ilesos, 18.076 pessoas se envolveram em sinistros registrados pela PRF no Paraná.
Mais da metade das mortes (54%) continuam ocorrendo em rodovias de pista simples, onde as ultrapassagens são realizadas na contramão de direção. Essa configuração de via exige atenção redobrada dos condutores, devido ao aumento do risco de colisões frontais, que ampliam a energia dos impactos.
Perfil dos mortos
Homens seguem como o grupo de maior risco no trânsito, representando 81% dos óbitos. A faixa etária de maior incidência de mortes foi a de 30 a 39 anos, com 121 óbitos, representando 20% do total. Entretanto, a faixa de 20 a 29 é a que mais se envolve em sinistros, representando 22% do total. O tipo de veículo mais ocupado pelos mortos foi o automóvel (264 mortos) e as motocicletas ficaram com a segunda posição, com 119 registros de óbitos de ocupantes destes veículos.