Uma comissão formada por moradores da comunidade de Ponta de Pedras, que conta com o apoio dos comunitários do Lago do Tapari e Santa Rosa, está ameaçando fechar a rodovia estadual Everaldo Martins, que liga Santarém à vila balneária de Alter do Chão. A informação foi do morador de Ponta de Pedras, José Raimundo, que anda aborrecido com a situação da estrada que liga a rodovia Everaldo Martins à sua localidade. Ele disse que a comunidade não encontrou, junto às autoridades, uma solução para melhoria de determinados trechos, por isso avisa que a rodovia deverá ser interditada em data e hora ainda não definidos. Não tem hora e nem momento, mas queremos avisar a comunidade de Santarém que iremos tomar uma atitude, afirmou, De acordo com o comunitário, a comissão que veio a Santarém estará reunida amanhã para preparar a manifestação, que visa cobrar da prefeitura um trabalho sério e não tapa-buracos.

É a única maneira que encontramos para pressionar as autoridades a fazerem alguma coisa pela gente, afirmou. O presidente da comunidade Ponta de Pedras, Expedito dos Santos, disse que várias promessas foram feitas pela Secretaria de Agricultura e Secretaria de Governo, mas não foram cumpridas. Quando o inverno se aproxima os carros não passa devido os buracos e a areia que vai para o meio da estrada. Segundo ele, a comunidade está prestes a ver alguém morrendo sem que a ambulância do serviço 192 do Hospital Municipal possa chegar para retirar o doente. De acordo com Expedito, quem adoece e precisa de atendimento, tem que sair carregado das comunidades até onde possa encontrar um local que passe carro. Afirmou ainda que os ônibus precisam de ajuda dos comunitários para chegarem aos seus destinos.

O que nós queremos é uma estrada boa onde os carros possam circular levando os turistas a Ponta de Pedras e comunidades vizinhas, declarou. Uma fonte da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, informou que uma patrol foi deslocada para a região de Ponta de Pedras para ajudar no serviço. O trecho que pode ser fechado está localizado na entrada da comunidade de Ponta de Pedras, que fica na Everaldo Martins. Bena Santana Os Tapajó e sua bela cerâmica Os Tapajó habitaram a região do rio Tapajós, no Estado do Pará, pelo menos desde o século X até ao XVII. Sua principal aldeia estava situada na foz do rio Tapajós, local do atual bairro de Aldeia, na cidade de Santarém. Possuíam locais especiais para a prática de seus rituais e também para guardar objetos considerados sagrados. A maioria desses rituais foi registrada pelo padre jesuíta Felippe Bettendorf, que foi enviado para fundar uma missão entre os Tapajó no ano de 1661.

Os artefatos confeccionados em argila e rocha são os que melhor resistem a essas condições climáticas. A cerâmica tipicamente santarena caracteriza-se pela grande variedade e complexidade nas formas dos objetos. A pasta usada para a confecção da cerâmica era elaborada com mistura de argila, cacos de cerâmica triturados e um tipo de espongiário de água doce, conhecido como cauixi. Os objetos mais significativos, da grande variedade apresentada na cerâmica de Santarém, são os vasos de cariátides, os vasos de gargalos, as estatuetas e os cachimbos. Esta cultura tão rica precisa ser resgatada, afinal os tapajó foram um povo que muito contribuíram conosco, destacou. Monique Carvalho O resgate da cultura tapajônica A cerâmica arqueológica de Santarém é considerada a mais importante forma cultural de identidade da cidade. Já foi estudada por antropólogos do Brasil e do exterior. A professora Terezinha Amorim, que é historiadora e coordenadora do Núcleo Cultural da FIT (Faculdades Integradas do Tapajós), disse que em Santarém não havia uma produção de cerâmica.

Foi detectada em Alter-do-Chão venda de esculturas feitas pelos hippies não com argila, matéria prima original, mas com durepox. Esse foi um dos motivos pelos quais Terezinha Amorim teve a idéia de criar em 2005 um projeto de resgate da iconografia santarena deixados na cerâmica pelos índios Tupaius, tendo como parcerias o Banco da Amazônia e o Governo do Estado. Com o projeto pretende-se não só fazer a cerâmica, mas procurar identificar o que está implícito nas esculturas zoomórficas (forma animal) e antropomórficas (forma humana) dos artefatos tapajônicos. Quanto à seleção de pessoas para trabalharem nesse projeto, Terezinha disse que houve uma grande procura de ceramistas santarenos, professores de história e de arte. O projeto os ensinou a produzir as peças, hoje o grupo tem 25 componentes. Desde fevereiro a professora vem realizando outro projeto, o Criando Arte, que tem como parceiro o Instituto de Arte do Pará, incentivando as artes plásticas, a produção literária, a dança e o teatro. A FIT encaminhou os dois projetos e ficou responsável por toda a parte logística. Terezinha acredita no sucesso do projeto para que as pessoas conheçam a cultura, que por vezes parece estar se perdendo.