Apesar de o Controle Inteligente de Tráfego (CIT) estar em pleno funcionamento desde agosto de 2006 na capital, permitindo a gestão a distância dos corredores viários e semáforos da área central por meio de monitores de vídeo e computadores instalados na BHTrans, o trânsito ruim vem testando o limite da paciência do usuário de ônibus e do motorista belo-horizontinos. É quase inevitável a sensação de estar imerso no caos ao enfrentar os grandes congestionamentos que se formam nos horários de picos, coincidentes com a saída para o trabalho e o retorno no fim do dia. Além das retenções no entorno do mercado e outros pontos do Centro, por exemplo, cuja gravidade varia com fatores como a chuva, as obras em curso, as vésperas de feriados e a aproximação do fim do ano, existem os chamados gargalos mapeados pelos próprios técnicos, incluindo a área da Avenida do Contorno, entre a Cristóvão Colombo e a Nossa Senhora do Carmo.

Castigados pela espera em longas filas de carros diariamente, os motoristas não perceberam melhorias na fluidez do trânsito depois da completa ativação do CIT, que inclui dois mil sensores instalados no piso das faixas de rolamento para regular o tempo dos semáforos. Eles sugerem até que seja adotado o sistema de rodízio de veículos a exemplo do que ocorre em cidades como São Paulo, cobrando também a presença de mais fiscais que impeçam o bloqueio de cruzamentos. Por sua vez, embora ainda sem dados estatísticos, a BHTrans diz que a mudança na forma de gestão do trânsito já mostrou resultados durante a construção do Bulevar Arrudas, na Avenida dos Andradas, entre Contorno e a Alameda Ezequiel Dias, e planeja a expansão do sistema.

Pesquisa

A supervisora de Controle Centralizado de Tráfego da BHTrans, Gabriela Pereira, explica que nova pesquisa comparativa para avaliar os efeitos do CIT, cujo sistema inclui, além dos sensores, 20 câmeras de vídeo ligadas online à sala de controle da BHTrans e 10 painéis de mensagens variáveis (PMVs), foi iniciada em novembro, abrangendo as principais vias centrais estudadas em 2002. “Serão analisados itens como velocidades nos percursos, índices de acidentes e tempos semafóricos para pedestres. Entretanto, a técnica pondera que, antes, a gestão do trânsito era indireta, somente por meio das informações fornecidas por fiscais de trânsito, o que resultava em ajustes mais lentos e menos precisos”.

Ao citar a relação entre o crescimento populacional de BH (4%) e o da frota de veículos (25%), nos últimos quatro anos, Gabriela Pereira considerou acertado o investimento de R$ 21 milhões no CIT (financiamento do governo federal junto ao Banco Mundial). “Apesar do grande aumento da frota de carros e da redução do uso do transporte coletivo, não verificamos um caos no trânsito nas mesmas proporções. Portanto, foi positiva a decisão da BHTrans de investir em ferramentas audiovisuais e de informática para o controle do tráfego”. Outras medidas possíveis envolveriam obras viárias e o uso mais intenso do transporte coletivo.

A supervisora da BHTrans indicou outros projetos que podem melhorar a fluidez do trânsito na capital. “Há a idéia de se implantar o Infobus, para rastreamento da frota de ônibus em circulação em BH, a exemplo do que já funciona em São Paulo, por meio de monitores nos pontos. Além do aspecto da gestão, o usuário teria benefícios diretos, como saber quando passaria o seu ônibus”. Também existe a intenção de expandir o CIT: “Apesar das 20 câmeras em operação corresponderem a mais de 80 pontos de visão, é desejável instalar mais desses aparelhos dentro dos limites da Avenida do Contorno, incluindo a área central. Outros sensores de fluxo somente serão necessários se forem colocados mais semáforos”. Os próximos corredores de tráfego para implantação do CIT seriam as avenidas Amazonas, Antônio Carlos e Cristiano Machado. Depois da conclusão da Linha Verde, um painel será reinstalado na Cristiano Machado (entre Jacuí e José Cândido da Silveira).