As manifestações de grupos contrários à retirada dos habitantes não-índios do interior da terra indígena Raposa/Serra do Sol agravaram-se ontem na área, no nordeste de Roraima.

Dois homens foram feitos reféns. Eles ficaram retidos por cerca de duas horas no Surumu (região de Pacaraima) por pessoas contrárias à retirada da população não-índia.

Os dois homens disseram a integrantes do grupo que estavam trabalhando na região para a CER (Companhia Energética de Roraima).

Após a liberação deles, a CER informou que os dois homens não são funcionários da empresa. Um dos manifestantes, que não quis se identificar, afirmou que eles seriam “espiões” da Polícia Federal. A PF nega.

Desde que começaram a chegar a Roraima os policiais federais que vão atuar na retirada dos não-índios –entre eles, os arrozeiros– diversas manifestações foram realizadas.

Duas pontes foram queimadas dentro da terra indígena e outras duas estão bloqueadas por grupos contrários à retirada dos não-índios. O presidente da Associação dos Arrozeiros do Estado, Paulo César Quartiero, foi preso durante uma manifestação. Após pagar fiança de R$ 500, foi solto.

Com as manifestações, o acesso pela rodovia BR-174 à região do Surumu –onde está localizada a maior parte das plantações de arroz– ficou impossibilitado.

Em 2005, o presidente Lula assinou um decreto que destinou o uso e a posse da terra (área de 1,7 milhão de hectares) aos cerca de 15 mil índios que vivem no local.

O governo federal determinou a retirada dos não-índios da região, entre eles de um grupo de arrozeiros que tem plantações na área.

Após visitar a Raposa/Serra do Sol anteontem, o governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB), saiu de lá “convicto” de que, caso os policiais federais entrem na região para retirar os arrozeiros, haverá confronto, informou o secretário de comunicação do Estado, Rui Figueiredo.