Jack Szymanski

Como proceder num campo de tanta tecnologia e opiniões diversas a favor ou contra o teste do cabelo, nome mais utilizado para o Exame Toxicológico de Larga Janela de Detecção? A Lei Federal 13.103 de 2015 obriga a todos os motorista responsáveis pelo transporte de cargas e pessoas e que possuem as categorias C,D,E, a passar pelo exame toxicológico para detectar o uso de diversos tipos de drogas psicoativas.

O uso da tecnologia para promover a segurança no trânsito foi a medida adotada devido à grande quantidade de acidentes envolvendo motoristas profissionais, que utilizavam drogas para aguentar a alta carga de trabalho a que são submetidos nas rodovias brasileiras e colocou o Brasil na vanguarda deste procedimento.

O exame toxicológico de larga janela é uma tecnologia laboratorial que representa o que de mais avançado há no mundo para detectar o uso regular de drogas psicoativas. É uma poderosa arma no combate ao consumo de drogas e na efetiva redução da violência viária envolvendo motoristas profissionais.

Na realidade a maioria dos países sequer testa o uso de drogas. Têm sido aplicado em alguns deles o teste de saliva, em blitze ocasionais, que não mostram o comportamento do condutor e sim o uso da droga após 30 minutos de sua utilização.

Os Estados Unidos são os pioneiros no controle do uso de drogas por motoristas de veículos pesados e há mais de 30 anos exigem os exames toxicológicos destes profissionais. Essa medida reduziu significativamente o número de mortes nas estradas.
Com base nisso, as principais transportadoras americanas conseguiram aprovar uma lei que permite o exame de larga janela, no lugar do exame alternativo de urina, devido a sua capacidade de identificar motoristas contumazes de drogas por 180 dias. O teste da urina acusa o uso por um período de apenas três dias.

As drogas pesquisadas no exame de larga janela são anfetaminas, maconha, ectasy, cocaína, codeína, fenciclidina, opiáceos e derivados.

A ‘Experiência Brasileira’ com o uso da tecnologia para promover a segurança no trânsito foi apresentada na Organização das Nações Unidas no início de 2018 pela ‘Missão Brasileira na ONU’ conjuntamente ao Instituto de Tecnologia para o Trânsito Seguro (ITTS), demonstrando em números a importância dessa política pública de prevenção ao uso de drogas para a segurança viária.

No ano passado foi registrada uma redução de cerca de 35% nas ocorrências com veículos de carga nas estradas brasileiras.

Há quem acredite que esse fato está relacionado com a queda do tráfego nas rodovias em função da crise econômica, mas o fator mais considerado da queda, tão expressiva dos acidentes de caminhões e ônibus, é o exame toxicológico.

Esse é apenas o primeiro passo para demonstrar que a tecnologia pode dar uma contribuição sem precedentes para a segurança no trânsito brasileiro.
Se poupar uma vida, que seja, já vale a pena.

Jack Szymanski – Presidente da Associação Internacional de Medicina de Tráfego