
Ator faz parte de uma geração de humoristas que encontraram sua melhor estrada no stand up comedy, a chamada comédia em pé. Na verdade, são profissionais do humor que escrevem, interpretam, improvisam e criam em cima de fatos cotidianos
Nas últimas eleições, Morgado ganhou destaque por causa do seu “Bolsonaro gordo”, com o criativo show no youtube “Talkei Show”. Atualmente, está quase todos os dias na bancada do Pânico na Rádio Jovem Pan, onde esbanja seu talento com imitações e tiradas inteligentes, sem deixar de participar com perguntas certeiras para os entrevistados da rádio, que virou praticamente TV, comandada pelo ‘Sílvio Santos’ do rádio, Emílio Surita, como define Morgado.
Até poucos meses atrás, Morgado carregava muito mais peso do que deveria. Para reduzir a carga, passou por uma cirurgia bariátrica e agora está mais leve para enfrentar os novos desafios do pós-pandemia e transportar seus personagens, imitações e talento.
Em entrevista exclusiva para o Estradas.com.br , Morgado fala sobre suas experiências como motorista, viagens, carreira e futuro. A entrevista na íntegra será exibida em breve no canal do Estradas no Youtube, que será lançado na última semana de julho. Mas segue um resumo do bate-papo descontraído com o editor do Portal Estradas, Rodolfo Rizzotto. “Talkei!”
Morgado estradeiro
Inicialmente, queríamos saber como ele é ao volante, afinal, nosso foco é a estrada e a segurança viária. ”Hoje posso dizer que sou um bom motorista. Embora no terceiro dia com meu primeiro carro, que tenho até hoje, um Corsa, fui atingido por uma senhora que me ultrapassou pela direita.”
“Nunca tive problema grave no trânsito, a não ser quando atropelei um cara… mas foi tudo tranquilo. Ele só teve fratura exposta….(brincadeirinha sadia, como diria Bolsonaro).” Apesar da descontração, Morgado assume a responsabilidade do acidente, causado por uma distração que não teve graça nenhuma, mas foi sem gravidade.
Ele conta que passou alguns sustos na estrada. O que mais marcou foi quando viajava com a esposa para um show em Varginha(MG). Estava com pouco tempo disponível e o limpador de para-brisa deixou de funcionar no meio de uma tempestade. A esposa empurrava o limpador com guarda-chuva para ele poder enxergar enquanto dirigia. Chegou em cima da hora, mas ficaram muito assustados.
Parada para não dormir ao volante
Como morou 6 anos em Uberlândia (MG), viajava muito para São Paulo e diversas vezes retornava bem cansado para casa e parava para dormir nos pontos de parada. Tinha medo de dormir ao volante. Atualmente, come pouco mas adora parar no Posto Anhanguera na rodovia de mesmo nome, perto de Santa Rita do Passa Quatro, onde não resiste a um pastel. “Eles chamam de bauru ou enroladinho. Não recordo bem”.
Morgado explica que nos pontos de parada as pessoas que o reconhecem chegam sempre na boa. “Gosto de trocar ideia com quem aprecia meu trabalho e que se aproxima com educação. Comigo é ‘do jeito que vem, vai’. Chegou com educação, será tratado da mesma forma.” Ele diz que na estrada, além da sua mala, encontra poucos “malas”.
Diferenças do público por região
Morgado diz que o público nas diferentes regiões do país reage mais ou menos da mesma forma aos seus shows. “Às vezes, em alguns lugares do interior, como no Rio Grande do Sul, o pessoal é mais formal e como diria o presidente “No tocante aos palavrões, tem que dar uma maneirada…Tá OK?!“. Na realidade, eu não uso palavrão como piada, é mais parte da linguagem do dia a dia. Então, não fica pesado e constrangedor para quem é mais conservador.”
Depois de muito tempo longe dos palcos, Morgado está animado para suas primeiras apresentações pós-pandemia, em Florianópolis (SC), nos dias 17 e 18 de julho, com 50% da capacidade da casa.
Dois livros para 2020 e trajetória
Envolvido com dois livros de humor que pretende lançar este ano e um projeto de reforma do Corsa, tem pouco tempo para escrever focado na pandemia. “Um livro é um gibi, uma estória em quadrinhos com personagens que fiz no Pânico. Um amigo meu, que tem o canal Bigtoon , é muito talentoso e está fazendo a animação. O outro livro é uma paródia dos Minutos de Sabedoria, com piadas “desmotivacionais”. Quero desmotivar e abrir os olhos das pessoas, com humor.”
Morgado iniciou como locutor na rádio Energia 97, de São Paulo, que já tinha um programa de humor e concurso de piadas. Ele passou a participar e depois fez parte do júri de concurso de piada com dois personagens. Um deles, um jurado mudo, e o outro, era o Epifanho, metido a locutor galã e fanho.
Da rádio para os palcos
O sucesso das imitações o estimulou, em 2007, a começar a fazer comédias stand up. Não enfrentou resistência em casa, pois sempre contou com o apoio da família. Um dos seus principais personagens, o Palhaço Efizema, que fez muito sucesso no Pânico na TV, é inspirado no seu avô.
Morgado fez curso de palhaço e sempre foi fã de Atchim e Espirro dentre outros, porque conseguem fazer rir sem dizer nada. Nos seus aniversários, sempre quis estar vestido da palhaço e hoje é amigo de seus ídolos.
Várias vezes Morgado recebe mensagens ou depoimentos de pessoas que estavam em depressão e que deram a volta por cima assistindo a seus shows ou vídeos. “Nessa hora, você fica pensando como seu trabalho é importante para algumas pessoas. Humor faz bem à saúde, por isso, que tem a frase: rir é o melhor remédio!”
Ele sempre foi apaixonado pelo programa Pânico da Rádio Jovem Pan, em particular por causa do Emílio Surita, que ele considera o “Silvio Santos” do rádio e ficou muito feliz quando foi convidado a participar do período final do programa na televisão e depois na rádio.
Quanto à experiência de entrevistar pessoas polêmicas no rádio, junto com os colegas do Pânico, Morgado explica que um dos truques é deixar as perguntas mais espinhosas para o final. Com humor, a equipe vai conseguindo relaxar o convidado e consegue muitas declarações que viram manchete na grande mídia mais formal.
“O programa já tem credibilidade de quase 30 anos, mas sempre com muito respeito pelos convidados, como nos ensinou o Emílio Surita, que é a essência do Pânico. Mesmo com perguntas contundentes e, às vezes, humor pesado com alguns convidados, todos eles reconhecem que participar foi uma experiência muito bacana.”
Das entrevistas que participou com políticos, uma das que mais marcou foi a do Ciro Gomes, que disse que ele, Morgado, era negro. “Você devia ter cota”, imita o Ciro. “Isso aconteceu porque estávamos debatendo e eu não achava isso justo, cota racial; e defendo a cota social, apesar de o meu exame de DNA indicar 13% de raça negra.”
Lembra que uma das entrevistas que ficou mais feliz de participar foi a do Moacyr Franco. “ É um dos artistas mais incríveis que o Brasil tem.” A outra foi com o Dedé Santana.
Futuro na carreira e maratona como meta
Nos próximos cinco anos, Morgado espera estar vivo, magro e fazendo coisas que por conta da obesidade não podia. Dentre elas, pretende correr uma maratona. Muito feliz por todas as oportunidades que teve na rádio, TV, stand up, inclusive dois filmes com Leandro Hassum, Morgado quer continuar vivendo de humor. E tem uma parceira inseparável, sua cachorrinha Luna, que participa até das entrevistas.
Apesar de tudo que está fazendo, ainda encontra tempo para escrever um roteiro de filme com Danilo Gentili, amigo de longa data. “Muita gente tenta desqualificá-lo por posições políticas, mas é um gênio da comédia e tudo que coloca a mão dá certo. Serve muito de inspiração. Às vezes, me pego em certas situações e penso o que será que o Danilo faria nesse caso.”
Esse é Rogério Morgado, um extraordinário humorista que reconhece o valor dos amigos e não perde a humildade. O seu trabalho torna a vida de todos nós mais amena e nos ensina a não levar as coisas tão a sério, em particular, a política. Aliás, politicamente correto é o bom humor.
Para conhecer mais sobre o artista, visite www.rogeriomorgado.com.br. Nele, estão todas as mídias sociais e o contato para shows e outras participações. É um ótimo negócio. Você vai sair ganhando e dando risada por toda estrada.