Especialistas reclamam que o pedágio nas concessões federais é muito baixo. Nas concessões estaduais, usuários das rodovias paranaenses reclamam que o pedágio é muito alto.

Entre as duas vertentes, o que não há é o diálogo para encontrar um meio termo capaz de manter um valor justo e que possibilite às concessionárias realizar as obras solicitadas pela população.

O valor do pedágio é calculado pela soma dos custos envolvidos na concessão, dividida pelo volume de tráfego no trecho pedagiado. Esse cálculo resultou em um valor de R$ 39,70 que usuário paga no trecho de concessão estadual de 387,10 km da BR-277, entre Guarapuava e Foz do Iguaçu, de carro.

O valor parece absurdo se comparado aos apenas R$ 6 pagos somando as cinco praças de pedágio nos 382,3 km de Curitiba a Florianópolis, na concessão federal (ver quadro).

A Rodovia das Cataratas, que detém o trecho citado da BR-277, em 12 anos de concessão construiu com esse dinheiro do pedágio oito passarelas, duas passagens subterrâneas, duas trincheiras e a construção de uma ponte.

A concessionária Litoral Sul, que detém o trecho a Florianópolis citado, tem a obrigação de cumprir até o final do contrato, em 2033, a construção de 30 km de terceiras faixas, 79,7 km de vias laterais, 94,7 km de contornos e 39 passarelas.

Nos dois casos, as empresas ainda têm o dever de fazer a manutenção da rodovia, ou seja, sinalização, qualidade do asfalto, alargamento de pontes e drenagem, por exemplo.

Enquanto no Paraná o questionamento é sobre a falta de obras por parte das concessionárias para cobrar um valor tão alto de pedágio, nas concessões federais os especialistas questionam se o valor tão baixo é suficiente para fazer o que foi estabelecido em contrato.

Para Ricardo Bertin, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e mestre em Engenharia de Transporte, algumas rodovias da concessão federal ainda estão em situação precária.

“Nos três anos da concessão federal, as estradas estão em uma condição pior do que as paranaenses nos três primeiros anos da concessão estadual”, afirma. A explicação na diferença tão alta do valor do pedágio nos dois modelos de concessão pode estar no volume de tráfego das rodovias.

O valor pago por cada carro pode ser menor, mas com maior quantidade de carros, esse valor pode se igualar. “A Régis Bittencourt é a principal ligação Norte-Sul do País e tem um volume de tráfego muito superior do que as rodovias paranaenses da concessão estadual”, ressalta o professor.

Bertin garante que é necessária a construção de novas rodovias. “O Brasil tem uma malha rodoviária insignificante para o tamanho do País e a necessidade, equivalente a quase 5% da malha pavimentada americana. O valor do próprio imposto deduzido do combustível, por exemplo, poderia ser investido nisso”, lembra.