Durante visita ao Jornal Agora, ontem à tarde, o deputado federal Cláudio Diaz (PSDB) – que integra a Comissão de Viação e Transportes da Câmara de Deputados – falou, entre outros assuntos, das necessidades de as estradas da região receberem uma atenção especial dos órgãos competentes, como o Dnit.

Acompanhado pelo deputado federal Waldir Neves (PSDB-MS), o rio-grandino relembrou do acidente sofrido por ele no ano passado, quando o carro do parlamentar chocou-se a uma composição do trem da América Latina Logística (ALL), na BR-392, em Pelotas, mesmo local onde duas pessoas perderam a vida no último domingo, quando um caminhão bateu na locomotiva de um trem desta empresa.

Falou que o local precisa estar melhor sinalizado, nos mesmos moldes como o trecho situado próximo à Vila da Quinta. “A ALL diz que o trecho está em perfeitas condições. No entanto, os acidentes ocorreram praticamente na mesma época, quando a visibilidade é menor devido à maior nebulosidade”, declarou. Disse ainda que as mesmas ferrovia e rodovia, ao se cruzarem no trecho que liga Rio Grande a Pelotas, contam com maiores recursos como o semáforo, sinal sonoro, além da presença de um guarda ferroviário. “Sendo que neste trecho é possível enxergamos o trem de mais longe, uma vez que em Pelotas o mato praticamente encoberta qualquer composição que venha vindo”, declarou.

Para o deputado federal, a falta de ação por parte do Dnit dá-se pela espera do início da duplicação da BR-392, quando um viaduto deverá ser construído no local. “Mas até lá, quantas vidas ainda serão perdidas por causa da má sinalização?”, questionou.

Ele pediu, inclusive, informações junto aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF), sobre as exigências feitas pelo órgão para a colocação de faixas reflexivas nas laterais dos vagões pela ALL. Segundo a direção da Ecosul, a empresa não cumpriu determinação do MPF. “Se a América Latina Logística assinou o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), ela terá que cumprir a determinação do Ministério Público Federal”, afirmou.

Segundo Diaz, essa medida poderia ter evitado o acidente na BR-392, no quilômetro 65,4, ocorrido às 5h55min de domingo, que causou a morte do motorista Cezar Moraes Escalante, de 36 anos, e de seu filho Mateus Goulart Escalante, 13, de Pinheiro Machado. Na ocasião, o caminhão se chocou contra um trem da ALL, que transportava fertilizantes.

Duplicação da BR-392
Quanto à duplicação da BR-392, Cláudio Diaz afirmou que a obra poderá ser anunciada a qualquer momento. “Fui informado de que o próprio presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, estaria com uma visita agendada para Rio Grande nos próximos meses para ele mesmo dar a notícia da duplicação. Sobre o estudo de viabilidade do pedágio, este ainda se encontra no Ministério dos Transportes, mas não sei de nenhuma posição oficial”, falou. “É preciso iniciar esta obra o mais breve possível, pois, com o aumento do calado do porto, o escoamento da produção pelo porto rio-grandino será cada vez maior, aumentando o fluxo de caminhões na BR-392, entre Rio Grande e Pelotas. Outro ponto a ser levado em consideração é a Ponte do Retiro. Trata-se de uma obra centenária que, caso algo aconteça, deixará Rio Grande totalmente isolada, prejudicando significativamente não só o Município, mas todo o Estado”, afirmou.

Disse que a governadora Yeda Crusius tem participado de reuniões com a amiga pessoal, ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, na tentativa de agilizar o começo do empreendimento aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “O Estado foi colonizado por Rio Grande e sua salvação econômica também se dará pelo Município, principalmente, pelo porto. Mas, para isso, é necessário que a BR-392 seja duplicada”, falou o deputado.

BR-116
A duplicação da BR-116 – que liga Pelotas a Porto Alegre – segundo o parlamentar, também encontra-se em discussão na Câmara de Deputados, em Brasília. Ele disse que este seria o próximo investimento na malha rodoviária no Rio Grande do Sul, o que facilitaria ainda mais o escoamento da safra até o porto rio-grandino. “O estudo prevê a recuperação da rodovia desde a Ponte do Guaíba até a Ponte do Retiro, em Pelotas. Trata-se de um investimento muito importante também para Rio Grande, destino de quase todos os caminhoneiros que se utilizam da estrada”, declarou.