Quatro das principais estradas federais que cortam o Rio são patrulhadas diariamente por apenas 38 policiais em 19 veículos por dia. Esse é o efetivo da ronda de cinco delegacias da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que cobrem 630 quilômetros da BR-101 (seções Sul e Norte), da BR-116 (Rio-Teresópolis), da BR-040 (Rio-Juiz de Fora) e da BR-493 (Manilha-Santa Guilhermina). Repórteres do GLOBO percorreram ontem as rodovias para mostrar como tem sido feito o policiamento numa região com histórico recente de assaltos a motoristas, roubos de carro e seqüestros relâmpagos.
Das seis delegacias da PRF visitadas, apenas a 6, da BR-116 (trecho Rio-São Paulo), não informou o número de policiais na estrada. Em todo o percurso, poucas patrulhas foram vistas circulando e os inspetores-chefes dizem que o efetivo é insuficiente.
Por mês, 20 carros roubados são abandonados em estrada
A Rio-Teresópolis, onde anteontem passageiros de um ônibus foram assaltados em Guapimirim, e a BR-493 estão a cargo da 4 Delegacia, que tem 51 policiais e dez carros. Como o regime de plantão é de 24 horas de trabalho por 72 de folga, apenas dez patrulheiros trabalham diariamente em três postos, seis deles em três veículos, fazendo a ronda nos 170 quilômetros das estradas. A falta de pessoal, segundo o inspetor-chefe João Santos Gama, faz com que a rotina seja de correr atrás do prejuízo. Um levantamento da delegacia revela que em média 20 carros roubados aparecem abandonados por mês, na Rio-Teresópolis, só no trecho entre Piabetá e Saracuruna. A ação dos ladrões é facilitada por 50 acessos clandestinos:
— A delegacia precisa do dobro do efetivo. Quando há acidente, a ronda segue para o local, deixando o resto desguarnecido. Os bandidos esperam a viatura passar e abandonam os carros na pista — disse Gama.
Com 68 homens e dez patrulhas, na 2 Delegacia sobram 14 policiais no plantão diário nos 38,5 quilômetros da Ponte Rio-Niterói e da Rodovia Niterói-Manilha (trecho da BR-101 Norte). Desses, seis policiais fazem o patrulhamento em três carros. Os demais ficam em postos fixos, segundo o inspetor Guaraci Baldi. Ele diz que faltam pelo menos mais cinco policiais por plantão:
— É pouca gente. Esse esquema de dois homens por viatura deixa os policiais em situação vulnerável. É um olho no padre e outro na missa. A patrulha fica vazia na abordagem.
Ainda segundo Guaraci, uma quarta patrulha tem ficado estacionada na alça de acesso à Avenida Brasil da ponte nos fins de semana, desde que num arrastão, há dois meses, bandidos fecharam a Rio-Niterói e roubaram dois carros. Na Niterói-Manilha, os acessos clandestinos à estrada também complicam a situação. Os locais onde mais ocorrem assaltos, segundo a PRF, são a Avenida do Contorno, em Niterói, e os trechos que atravessam os bairros de Gradim, Jardim Catarina e Guaxindiba, em São Gonçalo.
O cobertor também é curto na 5 Delegacia, que toma conta dos 151 quilômetros da BR-101 entre Manilha e Macaé. O efetivo é de 58 policiais e seis patrulhas, sendo que 13 inspetores trabalham por plantão em dois postos, mas apenas seis (em três carros) fazem diariamente a ronda. Segundo o inspetor Péricles Marins, a carência de efetivo cria situações desesperadoras, como a enfrentada há uma semana:
— Um ônibus virou em Silva Jardim com 30 passageiros. Éramos poucos para chamar bombeiros, sinalizar a estrada e dar a primeira assistência.
Na Rio-Santos, são apenas 60 homens da 3 Delegacia para 209 quilômetros de estrada, entre Santa Cruz e a divisa com São Paulo. Em cada turno, 18 policiais se dividem em quatro postos. Apenas quatro dos seis carros são usados nas rondas, feitas na maior parte das vezes por dois patrulheiros. A escassez de pessoal e o histórico de criminalidade da via deixam com medo usuários como o engenheiro de estradas aposentado Paulo Roberto Araújo:
— A segurança na Rio-Santos é nula. Já fui alvo de um seqüestro lá. É uma estrada deserta à noite.
Conhecida pelos freqüentes assaltos, a Washington Luiz tem seus 61 quilômetros, entre Caxias e Itaipava, patrulhados por 84 homens da 1 Delegacia. Em cada turno, são 18 policiais e seis patrulhas. O inspetor-chefe Delano Miranda admite que as condições de trabalho estão longe do ideal:
— Devemos receber reforço de 15 homens e uma viatura nas próximas semanas.