Está comprovado. Rodovias em más condições de uso aumentam o tempo de viagem, o consumo de combustível e o gasto com manutenção de veículos de carga, além de provocar o aumento da emissão de gás carbônico na atmosfera. Essa é a conclusão de estudo realizado pela pesquisadora Daniela Bartholomeu, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP).

Em seu trabalho, denominado “Quantificação dos impactos econômicos e ambientais decorrentes do estado de conservação das rodovias brasileiras”, Daniela observou o desempenho de caminhões em rodovias com condições de trânsito bem diferentes. Segundo o estudo, o volume poupado em serviços de manutenção da estrada resulta em acréscimo nos gastos futuros com obras de reconstrução e em custos adicionais para os usuários das vias.

O primeiro conjunto de experimentos envolveu quatro rotas, percorridas por um caminhão Volvo FH12, fabricado em 2004. Num total de 48 viagens, a pesquisadora observou o consumo de combustível e a variação da velocidade em cada trajeto. No segundo conjunto, foram selecionadas duas rotas em diferentes estados de conservação, nas quais dois caminhões de fabricantes distintos (Scania R124-420 e MB 1944S) realizaram um total de 40 viagens.

A análise mostrou, em ambas as situações, que rodar em rodovias com bom estado de conservação permitiu economia de 5% no consumo de combustível e 18,7% no gasto com manutenção do veículo. O trabalho apontou que, a cada 100 quilômetros percorridos em rodovias em mau estado de conservação, o transportador gasta, em média, R$ 34 a mais do que se trafegasse por uma boa rodovia.

Essa péssima infra-estrutura de transporte acaba sendo prejudicial ao consumidor final. A pesquisa simulou um transporte de soja a granel de Campo Grande (MS) e de Itumbiara (GO) para o Porto de Paranaguá (PR) Os benefícios econômicos decorrentes de uma rota em melhores condições de conservação resultariam numa redução média de 14,85% no valor do frete.

Além do retorno financeiro, a melhora da infra-estrutura rodoviária também seria benéfica para o meio ambiente, já que o setor rodoviário é responsável por quase 90% das emissões de gás carbônico do segmento de transporte. “O trabalho mostrou a necessidade de recuperar a malha rodoviária nacional, não apenas pelo prejuízo econômico que gera ao País, mas também pelo aumento das emissões provocadas por estradas em más condições de uso”, afirma Daniela, que já havia demonstrado anos antes os danos causados pelas rotas de fuga.

As melhores rodovias

A última pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que 75% das rodovias brasileiras se encontram em estado de conservação ruim ou péssimo. Se grande parte das estradas sob administração pública está em condições precárias, porém, o mesmo não se pode dizer das rodovias concedidas.

De acordo com a mesma pesquisa, as 23 melhores rodovias do País são pedagiadas, das quais 20 são administradas pela iniciativa privada.

Elas obtiveram índice de aprovação de 79,8% nos critérios Ótimo e Bom. Essa boa avaliação é decorrente de investimentos da ordem de R$ 10,5 bilhões, feitos de 1996 até 2005 pelas 36 concessionárias de rodovias em atuação em sete Estados brasileiros. Os benefícios gerados pelas rodovias concedidas também já foram tema de pesquisa. Em 2005, estudo da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA/USP) comprovou que a cada R$ 1 pago em pedágios nas rodovias concedidas no Estado de São Paulo, a sociedade recebe de volta R$ 1,84 em benefícios socioeconômicos. A FIA/USP considerou como benefícios a economia de combustível, o barateamento dos custos de transporte resultante da rodagem em pistas bem-conservadas e a redução da emissão de carbono.