Poucas horas depois de apoiar a revogação da Lei do Descanso dos motoristas profissionais, representante do Governo na Câmara admite que país é o quarto país do mundo em número de acidentes fatais no trabalho, sendo os motoristas profissionais as maiores vítimas.

O coordenador-geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Jorge Mesquita, informou há pouco que o Brasil é o quarto país do mundo em número de acidentes fatais no trabalhos. Em audiência na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, ele disse que as principais causas dos acidentes são a banalização das ocorrências e a falta de política de prevenção. A chamada Lei do Descanso, Lei 12.619/12 tinha exatamente o papel de prevenir as mortes e vinha obtendo resultados expressivos, apesar da omissão do Governo da fiscalização da mesma mas foi revogada quase que totalmente ontem, com apoio explícito do Governo, manifestado na Câmara e no Senado.

De acordo com Jorge Mesquita, os grupos mais vulneráveis são: motoristas, agentes de segurança, trabalhadores da construção civil e trabalhadores rurais. Ele apresentou dados do Dieese, segundo os quais os riscos de um empregado terceirizado morrer de acidente de trabalho é 5,5 vezes maior do que nos demais segmentos produtivos.

O presidente da Comissão de Seguridade, deputado Amauri Texeira (PT-BA), salientou que ontem o Plenário aprovou o aumento da jornada de motoristas profissionais, o que pode gerar ainda mais acidentes entre caminhoneiros. “Isso é extremamente nefasto. Vou pedir que a presidente Dilma Rousseff vete esse dispositivo”, destacou. Entretanto, esqueceu de mencionar que o próprio Governo apoou a revogação da Lei e aumento do tempo de jornada. Inclusive com manifestação em plenário.

Impacto social
Conforme o representante do Ministério da Saúde, 10% do PIB são gastos em acidentes de trabalho nos países em desenvolvimento. Ele ressaltou o impacto social dos acidentes. Segundo ele, muitos trabalhadores que sofrem acidentes fatais são “arrimos de família”, e há uma desestruturação familiar após os acidentes.

Porém, na visão dele, mais do que os acidentes de trabalho, preocupam as doenças relacionadas ao trabalho. Ele citou dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que mostram que 2 milhões de pessoas no mundo morrem por ano devido a doenças relacionadas ao trabalho, enquanto cerca de 321 mil morrem por conta de acidentes de trabalho.

Agência Câmara com Estradas.com.br