Montadora utiliza o testemunho de vítima de airbag defeituoso do fornecedor Takata
A Honda inicia nesta quinta-feira (29), uma inédita campanha publicitária em to do o Brasil para alertar o consumidor sobre a importância de atender às convocações do recall do sistema de airbag da Takata presente nos modelos da marca.
Para isso, a montadora elaborou um vídeo de uma história real, que é a peça de maior impacto. Nele, Tiago Ferreira, proprietário de um Civic 2007 que foi vítima de estilhaços do insuflador do airbag no ano passado, acionado em uma colisão, conta que quase perdeu a visão em decorrência disso.
O Civic de Ferreira estava relacionado entre os milhares de veículos convocados duas vezes em 2015 para a troca do insuflador, mas não passou pela rede da Honda para fazer o reparo.
O testemunhal chama a atenção também pelo fato de mencionar o nome da fornecedora do sistema e lembrar que os airbags da Takata equipam milhões de veículos de outras montadoras também.
Campanha
A campanha começa nos meios digitais, incluindo mídias sociais e no WhatsApp. O próprio Tiago Ferreira conclama o compartilhamento do vídeo. A ideia é maximizar o alcance da mensagem e aumentar o atendimento aos chamamentos, hoje, segundo a Honda, da ordem de apenas 58%.
Marcelo Langrafe, diretor de Peças e Serviços Pós-Venda da Honda South America, afirma que a empresa tem encaminhado diversas ações para conscientizar os proprietários de qualquer veículo da marca que demanda alguma revisão ou reparo. No caso específico dos airbags da Takata, devido à gravidade, tem ido até além do que exige a legislação, assegura o executivo.
A campanha contemplará ainda a veiculação do vídeo em rede nacional de televisão, distribuição de folhetos em pedágios, envio de correspondência e um call center. A montadora estabeleceu ainda parcerias com autoridades de trânsito estaduais e federais para a localização dos proprietários dos veículos afetados.
Iniciativas
Consciente da gravidade do recall de insufladores de airbag da Takata, a Honda está liderando uma série de iniciativas pioneiras para elevar o índice de atendimento da campanha, indo além do que exige a legislação vigente. Além da veiculação de vídeos em rede nacional, entrega de folhetos em pedágios, envio de correspondência, call center ativo e outras iniciativas, a empresa realizou parcerias com as autoridades de trânsito nos âmbitos estadual, via Detrans de São Paulo e do Paraná; e federal, via Denatran, para a localização dos proprietários dos veículos afetados.
Pautada por seu princípio de respeito aos clientes, a Honda enfatiza que a proteção dos motoristas e passageiros dos veículos da marca é a prioridade da empresa e solicita a todos os proprietários para checarem se seus veículos estão incluídos nos recalls do insuflador de airbag Takata no link www.honda.com.br/recall. O agendamento pode ser feito pelo mesmo site ou pela Central de Atendimento: 0800-701-3432.
Em 2003, livro já fazia o alerta
O livro Recall- 4 milhões de carros com defeito de fábrica – O que as montadoras não contam, do Coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto foi lançado em 2003 e até hoje é a única obra que revela os bastidores do recall.
Nos últimos meses, a palavra recall ficou um pouco mais conhecida por conta da decisão do Governo Federal, ainda que tardiamente, que resolveu em julho deste ano, publicar uma portaria interministerial que criou o Serviço Nacional de Notificação de Recall de Veículos. A parceira entre os ministérios da Infraestrutura e da Justiça foi possível por meio do Senacon e do Departamento Nacional do Trânsito (Denatran).
De acordo com Rizzotto, a medida representa uma grande mudança. “É uma revolução no setor. Até hoje, esse assunto sempre foi tratado com indiferença por parte das montadoras brasileiras, que não trataram os defeitos e riscos decorrentes com a mesma seriedade que fazem nos seus países de origem”, completou.
Ainda de acordo com Rizzotto, essa portaria representa uma mudança muito grande na questão do recall. “Ao invés de as montadoras conduzirem o processo, quem passa a conduzir agora é o governo. Saímos da situação da raposa cuidando do galinheiro”, disse.
Sempre à frente de questões que envolvem a segurança no trânsito, Rizzotto, diz que o recall é uma questão de segurança no trânsito, muito mais que uma relação de consumo. Na visão dele, um passageiro de ônibus, por exemplo, não tem nada a ver com a relação de consumo entre a montadora e a empresa transportadora, mas acaba sofrendo as consequências do defeito grave de fabricação assim como os demais usuários da rodovia.