Cerca de 600 índios das etnias guarani e caingangue bloquearam ontem dois trechos da BR-373, entre os municípios de Mangueirinha (387 km de Curitiba), no centro-sul do Paraná, e Pato Branco (440 km de Curitiba), na região sudoeste.

Os índios usaram caminhões, caixas de madeira e galhos de árvore para interromper o trânsito. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, houve engarrafamentos de 10 quilômetros nos dois sentidos da rodovia, até que os motoristas passassem a procurar estradas alternativas. Apenas ambulâncias estavam liberadas.

O bloqueio aconteceu um dia depois de os mesmos manifestantes suspenderem o fechamento da BR-277, também no interior do Estado. Eles protestam contra a falta de pagamento da locação de 33 automóveis usados no transporte das equipes médicas pelas 45 aldeias das duas etnias no Paraná. Para restabelecer o serviço, é preciso o repasse de R$ 320 mil por parte do governo federal.

Em Curitiba, um grupo de 40 índios também mantêm há 72 horas a ocupação do gabinete do diretor geral da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) no Paraná, Vinícius Reali.

Uma comissão de indígenas e representantes da Funasa tentava durante todo o dia pôr um fim ao impasse em reuniões feitas em Curitiba e Brasília. “A situação dentro das aldeias é muito precária. Esses veículos têm uma importância muito grande na manutenção dos programas de saúde”, afirmou Márcio Lourenço, cacique da reserva de Laranjinha.

A série de protestos contra atrasos nos repasses de verbas públicas para aldeias começou há 17 dias quando cerca de cem índios invadiram o prédio do Ministério da Saúde onde fica a representação da Funasa, no Paraná. Na ocasião, entre 100 a 150 funcionários foram mantidos presos por quatro horas.