Moradores do bairro do Cassange, região localizada nas adjacências da BA-526, a estrada Cia-Aeroporto, realizaram uma manifestação na manhã desta quarta-feira, 16, na rodovia, em frente à Quinta Portuguesa. O grupo começou o protesto por volta das 6h15, quando atearam fogo em pneus e pedaços de madeira espalhados na pista. O trânsito foi bloqueado nos dois sentidos, formando um extenso congestionamento. Eles reclamam da falta de segurança, infra-estrutura, saneamento básico e um sistema de transporte eficiente no bairro.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), a manifestação chegou a reunir cerca de 150 moradores. A Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros foram acionados. Por volta das 7h20, os manifestantes começaram a negociar com a PM e permitiram que os bombeiros apagassem as chamas e que fosse liberada a passagem de veículos no sentido Aeroporto.

Os manifestantes permaneceram no local e mantiveram o bloqueio do trânsito no sentido Cia. Eles afirmam não haver previsão para o fim do protesto. De acordo com o presidente da associação do Cassange, André Conceição, os moradores vivem com medo por causa dos constantes assaltos na região, que faz parte de Salvador. “Os bandidos já perceberam o quanto o local é vulnerável e por isso somos alvos constantes”, diz.

Esse é o segundo protesto realizado pelos moradores nesta semana. No início da manhã da segunda-feira, 14, o mesmo grupo parou o trânsito na altura da Madeireira Vinhais, também na BA-526.

Transporte – Apenas uma linha de transporte circula na região. São vans que vão do Cassange à Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, levando aproximadamente 1 hora e 30 minutos para realizar esse trajeto. Os moradores reclamam da falta de opção e da pouca quantidade de veículos circulando. “Muitas vezes fico mais de uma hora esperando o transporte. Nos finais de semana a situação é ainda pior. Às vezes só há um carro circulando”, protesta a estudante Anna Regina.

O motorista Antônio Carlos falou pela Cooperativa de Transporte Alternativo de Lauro de Freitas e Cassange (Cootalfca) e afirmou que não considera o sistema de transporte ineficiente. Ele conta que, atualmente, a linha dispõe de 15 veículos que cumprem um esquema de horário pré-determinado. “O esquema é organizado e fazemos tudo para atender às necessidades dos usuários. O caso é que, às vezes, algum veículo quebra e fica uma lacuna no nosso esquema de horário. Até poderia ser melhor, mas a violência na região não permite”, diz.

Antônio revela que já foi assaltado duas vezes enquanto dirigia na região. Tanto ele quanto os demais motoristas afirmam trabalhar sempre com medo da ação dos bandidos. “No mês passado um colega levou um tiro na mão durante um assalto. Não era nem pra estarmos circulando. Deveríamos fazer uma paralisação e só voltar a circular quando tivermos segurança”, argumenta. A sitaução faz com que, durante a noite, os veículos não voltem pelo roteiro original quando chegam ao final de linha do Cassange. “A estrada não tem iluminação e por isso evitamos passar por lá a noite. Seguimos direto e saímos em frente à Quinta Portuguesa”, diz.