Médicos que participam de congresso ortopédico alertam sobre as altas taxas de mortes na faixa etária dos 18 a 29 anos
Em Curitiba, 35% dos acidentes acontecem com jovens entre 18 e 29 anos, e um entre 100 acidentes resulta em morte. A maior parte destas ocorrências são provocadas pela ingestão de álcool, muitas vezes antes do jovem sair de casa, conhecido como “esquenta”. Os jovens que participam do “esquenta” sofrem os acidentes mais graves. O tema é assunto abordado a partir de hoje no 14º Congresso Brasileiro de Trauma Ortopédico, no Embratel Convention Center. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os acidentes de trânsito matam mais de um milhão de pessoas ao ano em todo o mundo e cerca de 60% atingem justamente os jovens que exageram no consumo do álcool antes de chegarem às festas e baladas.
“Os jovens são as principais vítimas do “esquenta”, porque são inexperientes para beber e dirigir e, no retorno para casa, se envolvem nos piores acidentes”, afirma Flamarion dos Santos Batista, médico traumatologista, presidente do Congresso e coordenador da campanha “Quanto vale o esquenta? – Sua vida vale muito mais”, que será lançada hoje.
“O jovem abusa do álcool, envolve-se em acidentes sérios e por ser imprudente, dá pouca importância para os riscos que está correndo”, comenta o médico. A pesquisa da OMS constatou que quando os jovens saem de carro para se divertir, 42% dirigem depois de consumir bebida alcoólica. Dentre os que não bebem, 80% admitem pegar carona com pessoas que beberam. “O objetivo da campanha é conscientizar o jovem para que beba moderadamente, e que se exagerar na dose, deixe o carro ou a moto em casa, volte de táxi, ônibus ou de carona”, comenta Flamarion. Pelas projeções da OMS, até o ano de 2020, os acidentes de trânsito serão a terceira causa de mortes, ficando atrás apenas das doenças coronarianas e da depressão.
Entre as prioridades da campanha, Flamarion cita o combate à dependência, que hoje atinge mais de 5% dos adolescentes entre 12 e 17 anos, e os custos sociais provocados pela relação entre o álcool e o trauma. “O custo social que uma família tem com o jovem acidentado é muito grande, e vai desde a questão financeira e o convívio familiar, até um traumatismo craniano e fraturas, onde o cuidado deve ser intenso”, afirma Flamarion.
Quem faz o “esquenta” atinge o estado de intoxicação precocemente, porque em muitos casos acaba bebendo de estômago vazio. Nestas situações, o efeito é ainda mais forte. “Como se não bastasse o alto índice de mortalidade provocado, grande parte dos sobreviventes herda seqüelas para toda a vida”, acrescenta o médico. A esses fatores soma-se a própria inexperiência do jovem para beber e dirigir, além da fadiga da madrugada após as festas. “A campanha precisa ser perene, para que alcance o êxito nas medidas destinadas à redução de danos provocados pelo abuso do uso do álcool entre os jovens”, finaliza o médico.