Motoristas adotam o táxi por causa da Lei Seca. No sul do estado, a falta de bafômetros dificulta a fiscalização. O diretor jurídico do Detran, Rodrigo Silva, fala das punições aos motoristas.
Há duas semanas entrou em vigor a nova lei sobre o consumo de bebidas alcoólicas por motoristas. A chamada Lei Seca determina que, para dirigir, o condutor não pode ter ingerido nenhuma quantidade de álcool. A lei tem provocado polêmica: uns acreditam que ela dificilmente vai ser cumprida. Outros questionam a forma de fiscalização.
Como o motorista não é obrigado a soprar o bafômetro, o policial, pela lei, pode avaliar por conta própria se o motorista está bêbado ou não. Para muitos, isso dá margem a arbitrariedades.
Para explicar a lei e falar das punições aos motoristas, o diretor jurídico do Detran, Rodrigo Silva, esteve no estúdio do Bom Dia Rio. Veja a entrevista em vídeo!
Dificuldade de fiscalização no sul do estado
O rigor da nova lei ainda esbarra numa dificuldade prática: a pequena quantidade de bafômetros. No sul do estado, a Polícia Rodoviária Federal tem apenas dois aparelhos para fiscalizar mais de 400 quilômetros de estradas.
Desde que a nova lei entrou em vigor, a Polícia Rodoviária Federal de Piraí já fez várias autuações.
“Já tivemos pessoas encaminhadas à delegacia. Mas, como todo início de legislação, há resistência. Estamos lutando contra ele”, garante Paulo Dias, da Polícia Rodoviária Federal.
Todos os flagrantes de embriaguez foram em áreas urbanas. Em rodovias é mais difícil encontrar um motorista bêbado. Quem faz o teste do bafômetro, também conhecido como etilômetro, aprova a fiscalização.
“Acredito que vai diminuir bastante o número de acidentes”, opina um caminhoneiro.
“Por causa de um copo de cerveja pode ter uma tragédia. Agora ficamos mais tranqüilos”, diz a professora Eulina Gomes.
Cinco estradas federais cortam o sul do estado. São 466 quilômetros de rodovias – e apenas dois bafômetros. Um fica em Piraí e outro em Itatiaia. Só na Via Dutra, no trecho que vai de Engenheiro Passos a Paracambi, passam em média 75 mil veículos por dia. A própria Polícia Rodoviária Federal admite que é impossível fiscalizar todos os motoristas.
“Virão outros bafômetros para uma fiscalização melhor”, garante o agente da polícia.
Lei muda hábitos dos cariocas
No Rio de Janeiro, a tolerância zero imposta pela Lei Seca já está mudando os hábitos de quem gosta de sair à noite. Ao invés de uma vaga para estacionar o carro, a busca agora é por táxis.
Na porta de boates, bares e restaurantes, há filas de táxi. Mas a duração delas é bem pequena, tamanha a procura. Quem organiza os carros ficou sem tempo para descansar. Mal encaminha um grupo, e ele volta para agilizar outra corrida.
“Mudou muito. Antes era mais calmo, tinha mais carro. Agora, as pessoas estão procurando mais táxi. Temos que chamar carros de fora do ponto para suprir a necessidade das pessoas. Eu trabalho mais”, compara um funcionário de cooperativa de táxi.
Reflexos das novas regras de trânsito. Em vigor há duas semanas, a chamada Lei Seca pressionou os motoristas. Proibidos de pegar o carro depois de ingerir qualquer quantidade de álcool, muitos tiveram que mudar de comportamento. Para chegar ou sair dos lugares, distância dos volantes.
“Beber e direção não combinam”, diz uma carioca.
Principalmente para quem não resiste aos apelos da noite.
“Tomei um chope e pegar um táxi é a melhor opção, sem dúvida”, pondera uma jovem.