Um total de 71 bens que compõem o patrimônio cultural do Litoral Norte da Bahia estão devidamente registrados no Mapa Cultural do Litoral Norte, entregue na segunda-feira (17) à população baiana pelo arqueólogo Paulo Zanettini, coordenador da pesquisa arqueológica realizada na rodovia BA 099/Estrada do Coco/Linha Verde durante as obras de duplicação da pista, em 2005/2006. O Mapa é uma decorrência do resgate arqueológico que descobriu riquezas datadas de até três mil anos e registra bens patrimoniais materiais e imateriais, identificados pelas próprias comunidades dos municípios de Camaçari e Mata de São João. A sua materialização integra o Programa de Educação Patrimonial “Redescobrindo Nossa Cultura”, desenvolvido pela Concessionária Litoral Norte – CLN e Instituto Invepar.
De acordo com Zanettini, o mapa é importante porque faz um resgate histórico cultural de hábitos e costumes dos antepassados da região e daquilo que hoje integra a cultura local, reunindo o conhecimento científico da equipe técnica da Zanettini Arqueologia com o amplo saber guardado pelas comunidades que vivem nas imediações da rodovia. “Para a nossa surpresa, a lista inclui desde um banho de rio em Diogo até o patrimônio arquitetônico propriamente dito”, destacou o profissional.
A carta geográfica contém elementos da paisagem, sítios arqueológicos, edifícios históricos, espaços religiosos, artesanatos, cantigas, danças e festas, até outras manifestações que sintetizam a riqueza dos recursos culturais dessa porção do litoral baiano. “É como se estivéssemos dando vida nova a coisas esquecidas, como a fonte de beber no Beco da Cebola, nascente que já serviu muito àquela comunidade e havia caído no esquecimento depois que a água canalizada chegou à localidade”, ressaltou o presidente do Fórum Sustentável Costa dos Coqueiros Agenda 21, Sebastião Guedes da Silva.
Trata-se de uma ferramenta útil para fomentar a discussão sobre estratégias voltadas à valorização e à preservação deste patrimônio, que deverá ser trabalhado junto aos estudantes das redes municipais de ensino das cidades supra-citadas. “O Mapa exerce um papel provocador, que leva a pergunta: e agora, o que será feito destes bens culturais?”, pontua a arqueóloga Fabiana Comerlato, integrante da equipe Museu de Arqueologia e Etnografia da UFBA.
O Mapa é uma realização da Zanettini Arqueologia, a convite da Concessionária Litoral Norte e o Instituto INVEPAR, que desenvolveu o Programa de Educação Patrimonial, com professores dos municípios de Camaçari e Mata de São João e Lideranças comunitárias, também dos dois municípios. A ação conta com o apoio institucional do Governo da Bahia, do IPHAN – Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, das secretarias de educação dos municípios de Camaçari e Mata de São João.
Participaram do evento, o Museu de Arqueologia e Etnografia da UFBA, a Secretaria de Agricultura de Mata de São João, a CETREL, o Instituto Mauá, Associação São Jorge Filho da Goméia, o Fórum Sustentável da Costa dos Coqueiros, entre outros órgãos, entidades e professores, lideranças comunitárias e artistas plástico. O acervo arqueológico resgatado encontra-se guardado no Museu de História Natural Parque Sauípe, localizado no município de Mata de São João, numa reserva de Mata Atlântica.